96 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2022 Leonilson (1957-1993) foi um dos mais destacados membros de um movimento da arte brasileira conhecido como Geração 80. Este conjunto de artistas celebrava a liberdade recém-adquirida com a queda da ditadura militar, em 1985, o que incluía a integração de posições de crítica social. Um diagnóstico de SIDA, em 1991, veio marcar a vida de Leonilson. Decidiu então tornar mais pública a sua homossexualidade e intensificou o carácter autobiográfico e intimista das suas obras. Nas interseções entre registos diarísticos, abordagens à temática do desejo e (homo)erotismo, questionamentos das verdades e das hipocrisias dos bons costumes bem como na advocacia da pluralidade, encontramos a dimensão política de um ativismo cultural em defesa da diversidade e tolerância, crítico do preconceito e da normatividade. Para assinalar o encerramento da exposição retrospetiva de Leonilson em Serralves, o ensemble de música contemporânea ars ad hoc apresentou um programa que reúne música de compositores que marcam o reconhecimento de comunidades queer: a “música orgânica” de Julius Eastman contrasta com a provocação dos títulos de várias das suas obras, consonantes com a audácia com que assumia a sua identidade gay e negra; a música minimalista da compositora e percussionista Sarah Hennies, habitada pelas ressonâncias da sua investigação e identidade sociopolítica e psicológica enquanto mulher trans e queer; e uma peça de Pauline Oliveros, compositora fundamental na história da música de vanguarda cujas inovações radicais simultaneamente se enraizavam e alimentavam movimentos feministas, nomeadamente lésbicos. Programa: JULIUS EASTMAN, Piano 2 [1986], 15’ SARAH HENNIES, Lake [2018], 15’(violino, piano e vibrafone) PAULINE OLIVEROS, Tree/Peace [1984], 23’ (violino, violoncelo e piano) Sébastien Roux & Catarina Miranda Feat Ensemble 0 &Drumming GP “Cânones de Vuza – Partituras para Luz e Percurssão” 09 OUT 2022 | Auditório de Serralves “Peça para luzes e percussão” é uma ativação transdisciplinar imaginada por Sébastien Roux (França) e Catarina Miranda (Portugal), interpretada pelos ensembles de percussão ensemble 0 (França) e Drumming GP (Portugal), em resultado de uma encomenda e coprodução entre a Fundação de Serralves e a La Soufflerie. Apresentada no Auditório de Serralves a peça foi concebida como uma experiência sinestésica e cénica, recorrendo, nomeadamente, ao uso da luz e da cor, alcançando dinâmicas muito rápidas, onde o tempo entre dois sons se aproxima do limiar de perceção do ouvinte e as cores primárias se fundem em espectros complexos, deixando de ser percecionadas como uma sucessão de unidades discretas, mas como um fluxo continuo. Beatrice Dillon Instalação Sonora | 26 - 30 NOV 2022 Beatrice Dillon é uma música e artista sediada em Londres que trabalha com composição, performance e instalação. Entre várias aclamadas edições a solo e colaborativas em diferentes editoras importantes de música eletrónica, podemos destacar o álbum Workaround (PAN, 2020) que
RkJQdWJsaXNoZXIy MTQ0Mg==