Relatório & Contas 2022

29 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2022 Fundação, já que uma das obras que a compunham – Eu desejo o seu desejo (2003) foi apresentada na Casa de Serralves. A exposição de Cindy Sherman, Cindy Sherman: Metamorfoses, foi a oportunidade para os públicos portugueses verem uma das artistas mais reconhecidas da cena artística internacional – a prática do retrato que iniciou há décadas é responsável por algumas das mais marcantes e influentes imagens da arte contemporânea – mas que nunca tinha sido apresentado em Portugal de forma tão massiva. Destaque-se ainda que a mostra incluiu uma obra inédita, especialmente concebida para o Museu de Serralves, o que revela exemplarmente o compromisso dos artistas para com a instituição. Passando de artistas consagrados para nomes emergentes, a que Serralves também está muito atento, destaquem-se duas exposições apresentadas na Galeria Contemporânea, um espaço vocacionado para artistas mais jovens e práticas eminentemente experimentais: o artista francês David Douard (Perpignan, França, 1983) e a portuguesa Vera Mota (Porto, 1982). Ambos criaram instalações imersivas, o primeiro através de formas híbridas, escultóricas e a segunda através de desenhos de grandes dimensões. Estas mostras foram a primeira exposição individual de Douard em Portugal e a primeira exposição de Mota num contexto museológico. Para os artistas, representaram um primeiro reconhecimento institucional… Para Serralves, foram uma injeção de vitalidade de que muito usufruímos! Outro jovem artista apresentado em 2022, e com a sua primeira exposição em Portugal, foi Tarek Atoui (Beirute, Líbano, 1980). O seu projeto, apresentado numa das galerias do Museu, estendeu-se ao Parque, e exigiu a colaboração de músicos locais, estabelecendo uma ponte entre locais e entre atividades artísticas, em momentos performativos que sublinharam a vocação transdisciplinar de Serralves. O projeto de Ryoji Ikeda (1966, Gifu, Japão), compositor eletrónico e artista visual, também aproximou as artes visuais de outras áreas, nomeadamente a arquitetura (o artista colaborou com o arquiteto Nuno Brandão Costa) e a música. Ao mesmo tempo, instituiu novamente o Parque de Serralves como palco privilegiado para intervenções de artistas convidados pela direção artística de Serralves para aí desenvolverem projetos – a encomenda da Fundação de Serralves para um pavilhão temporário no Parque insere-se numa prática continuada de convidar artistas para criar e instalar trabalhos no património natural de Serralves. Referimo-nos em cima à importância conferida à Coleção de Serralves. As exposições apresentadas em 2022 a partir da Coleção espelham-na bem. Foram três: História(s) da Arte: Aquisições Recentes na Coleção de Serralves, Uma Exposição Escrita: Agustina Bessa-Luís e a Coleção de Serralves e Quem Conta um Conto… Paula Rego na Coleção de Serralves e Ana Jotta: Mirmidão da Tragédia. As três primeiras têm títulos particularmente autoexplicativos. Assinale-se apenas que na primeira algumas das obras apresentadas corresponderam a doações e depósitos de artistas e colecionadores – que reconhecem ser a Coleção de Serralves um dos contextos em que elas são mais bem conservadas, estudadas, contextualizadas e apresentadas – e que, no caso da exposição de Ana Jotta (Lisboa, 1946) se apresentou uma única obra, testemunho da história expositiva de Serralves (a obra foi originalmente apresentada na retrospetiva da artista organizada por Serralves em 2005). Também não podemos deixar de referir que a exposição que assinalou o centenário de nascimento de Agustina Bessa-Luís cimentou ainda mais a relação entre o Museu de Serralves e a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, já que além de ter um título que remete para a obra do cineasta (nomeadamente Um Filme Falado), foi cocomissariada pelo diretor da CCMO.

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