Relatório & Contas 2022

120 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2022 A 21 de junho, nas vésperas de comemorar o seu terceiro aniversário, a Casa do Cinema inaugurou a exposição Agnès Varda: Luz e Sombra. Esta exposição, a primeira mostra internacional dedicada à realizadora depois do seu falecimento em 2019, foi organizada no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França. Nela se apresentou, pela primeira vez em Portugal, a obra Patatutopia, produzida para a Bienal de Veneza em 2003 (com a qual a realizadora se estreou como artista plástica), e a sua derradeira instalação Une cabane de cinéma: la serre du bonheur (Uma cabana de cinema: a estufa da felicidade, 2018), naquela que foi a sua primeira exibição fora de França. A galeria da Casa do Cinema acolheu, assim, mais uma vez, formas de “Cinema Expandido”, desta feita assinadas por uma das mais importantes realizadoras europeias que, no virar do milénio, descobriu que “além de velha cineasta” podia ser “uma jovem artista plástica”. A juntar a estas duas peças de grande formato, a exposição incluía, igualmente, alguns exemplos do trabalho fotográfico da realizadora (que começou o seu percurso artístico pela fotografia) e, também, um excerto da série de televisão Agnès de ci de là Varda (2011), que retrata, em jeito de diário, a vinda da realizadora a Portugal em 2009 a propósito da exposição que apresentou em Serralves, situação em que se encontrou com Manoel de Oliveira. Esta exposição, fez-se acompanhar por um catálogo que, além de vários ensaios inéditos, publicou, pela primeira vez, a série fotográfica completa que Agnès Varda fez em Portugal em 1956. A juntar à exposição e ao catálogo, a Casa do Cinema apresentou uma retrospetiva alargada do trabalho cinematográfico de Agnès Varda, onde se incluíram 21 filmes, entre eles a primeira apresentação do recém-descoberto e restaurado Agnès Varda – Pier Paolo Pasolini – New York – 1967 (1967-2022), após a sua estreia mundial na última edição do festival Il Cinema Ritrovato. Esta retrospetiva partiu dos dois filmes que inspiraram as duas instalações de grande formato da exposição, Les Glaneurs et La Glaneuse (2000) e Le Bonheur (1965), e, numa lógica binomial, percorreu parte significativa da filmografia dos anos 1960, 1970 e 1980, concluindo, em jeito de revisão, com Les Plages d’Agnès (2008). Antes mesmo do início desta retrospetiva, mas já em diálogo com a exposição Agnès Varda: Luz e Sombra, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, numa coprodução com o festival Curtas Vila do Conde, apresentou uma retrospetiva do realizador François Reichenbach, um dos nomes centrais e menos conhecidos da Nouvelle Vague. Esta mostra apresentou, em estreia mundial, o restauro digital de L’Indiscret (1968), um dos seus filmes mais ousados e virtualmente desconhecido. Igualmente no âmbito de uma parceira, desta feita com a Porto Summer School on Art & Cinema da Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, a Casa do Cinema exibiu Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos e dinamizou uma conversa com os realizadores, João Salaviza e Renée Nader Messora. Ainda no contexto da programação de cinema, em outubro iniciou-se o ciclo mensal de oito sessões (que decorrerá até maio de 2023) comissariado por Anabela Mota Ribeiro, intitulado Um Filme Falado ou o Cinema e as Outras Artes, onde se constrói um diálogo inter-artes a partir de grandes clássicos da história do cinema, sempre com a participação de dois convidados especialistas nas respetivas áreas, tendo-se iniciado o ciclo com a projeção de Visita ou Memória e Confissões (1982-2015), de Manoel de Oliveira, com uma conversa sobre Cinema e Arquitetura. No final de outubro a Casa do Cinema organizou a terceira edição do programa Estetoscópio, dedicado desta vez à jovem cineasta Chloé Galibert-Lâiné, apresentado duas sessões retrospetivas do seu trabalho, sempre seguidas de conversa com o público e estabelecendo uma parceira com a Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, que acolheu a realizadora para uma oficina videográfica nesse mesmo fim de semana. Nesta mostra apresentaram-se, em estreia mundial, os dois filmes mais recentes da realizadora, Geomarkr (2022) e True Enough (2022). No que respeita ao programa de itinerâncias, a Casa do Cinema iniciou o ano com a exposição Manoel de Oliveira: A Comunidade, que havia sido inaugurada em outubro de 2021, onde se

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