Relatório & Contas 2021

108 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 a Casa do Cinema deu continuação à rubrica que havia inaugurado em 2020, #UmDiaUmFilme, a qual compilou e disponibilizou publicamente referências que, no seu conjunto, compõem aquilo que se pode designar como o universo cinéfilo de Manoel de Oliveira, através de mais de quatro dezenas de filmes de todas as décadas do século XX. A acompanhar a reabertura da Fundação de Serralves, a Casa do Cinema publicou o primeiro volume da Coleção Casa do Cinema, Manoel de Oliveira – Ditos e Escritos, que reúne uma seleção de textos teóricos do realizador sobre cinema. Nessa mesma altura iniciou-se, também, o ciclo Cinema e Fotografia: Visões Espectrais, que se centrou nas tensões entre imagem estática e imagem em movimento, através de uma seleção de filmes que colocam em diálogo o cinema de Oliveira com a história do cinema mundial. Adicionalmente, promoveu-se uma masterclass com uma das colaboradoras mais próximas de Oliveira, a diretora de fotografia Sabine Lancelin. A finalizar o primeiro semestre, houve ainda espaço para o fortalecimento da parceira com a Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, com a realização de duas sessões especiais na presença dos realizadores Matías Piñeiro e Ben Russell (convidados no âmbito da atividade pedagógica da referida Universidade). Inaugurada a 14 de julho, Alexander Kluge – Política dos Sentimentos foi a primeira exposição em Portugal dedicada à obra de Kluge (com curadoria de António Preto e Vincent Pauval), uma das figuras mais importantes da cultura alemã dos últimos cinquenta anos, tanto na área da literatura, da filosofia e do pensamento crítico como do cinema. Esta exposição retrospetiva apresentou um caleidoscópio audiovisual composto por treze projeções onde se exibiram obras e excertos de uma vastíssima e complexa filmografia. Paralelamente, essa mesma filmografia foi exibida, em contexto de sala, numa ambiciosa retrospetiva desenvolvida em parceria com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, assim como posta em diálogo com a produção de curtas-metragens das últimas décadas, num programa idealizado por Maike Mia Höhne (atual diretora do festival de curtasmetragem de Hamburgo). A acompanhar a exposição e a retrospetiva, publicou-se ainda um catálogo composto por seis ensaios originais, uma entrevista, sete contos de Alexander Kluge sobre Portugal e a transcrição de uma conversa tida entre Kluge e Manoel de Oliveira em 1990. À imagem do que já havia acontecido em 2019, a propósito da exposição dedicada a Eugène Green, foi encomendada a Alexander Kluge uma nova obra de vídeo a integrar a Coleção de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves. Hommage zu Manoel de Oliveiras Film-Oper Os Canibais (2021), produzido especificamente para a exibição no contexto da exposição Política do Sentimentos, é um filme onde Kluge analisa e questiona Os Canibais (1988), de Manoel de Oliveira, a partir do seu próprio universo visual e operático. Na rentrée, a Casa do Cinema celebrou os 90 anos da estreia de Douro, Faina Fluvial, o primeiro filme de Manoel de Oliveira, em colaboração com a banda Sensible Soccers. Neste contexto foi organizado o cine-concerto Manoel, onde os músicos apresentaram uma banda-sonora original para o primeiro filme do realizador e para O Pintor e a Cidade (1956). A estreia deste espetáculo decorreu no Auditório do Museu de Serralves, numa sessão esgotada, no exato dia em que se comemorava a efeméride: 19 de setembro. Em 2019, a Casa do Cinema organizou e apresentou duas exposições fora de portas. Em outubro inauguraram na Fundação Calouste Gulbenkian a exposição Manoel de Oliveira Fotógrafo e, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, a exposição Manoel de Oliveira: A Comunidade, tendo esta última sido desenvolvida especificamente a partir do Acervo Manoel de Oliveira. Dando continuidade a uma lógica de complementaridade programática entre a Casa do Cinema Manoel de Oliveira e o Museu de Serralves, iniciou-se, em novembro, um ciclo bimensal de cinema, em quatro momentos, dedicado aos filmes do artista Ai Weiwei, cuja obra escultórica esteve patente no Museu e no Parque de Serralves.

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