Relatório e Contas 2021
2 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021
3 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 ÍNDICE PALAVRAS INICIAIS DE RECONHECIMENTO 5 ESTRUTURA FUNDACIONAL 7 APOIOS 12 INDICADORES DE DESEMPENHO INSTITUCIONAL 15 SÍNTESE DA ATIVIDADE DE SERRALVES EM 2021 20 MUSEU DE SERRALVES 21 PARQUE DE SERRALVES 98 CASA DO CINEMA MANOEL DE OLIVEIRA 107 ÁREAS E PROJETOS TRANSVERSAIS 123 EDUCAÇÃO – ARTES E AMBIENTE 152 REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A SOCIEDADE E SEU FUTURO 172 SOLE 183 INVESTIMENTOS 186 ÓRGÃOS SOCIAIS 188 CAPITAL HUMANO 191 SITUAÇÃO ECONÓMICA E FINANCEIRA 196 PERSPETIVAS PARA O ANO 2022 200 AGRADECIMENTOS 204 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 210 CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS RELATÓRIO E PARECER DO CONSELHO FISCAL
4 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Palavras iniciais de Reconhecimento
5 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Palavras iniciais de reconhecimento 2021 constituiu-se como um ano de continuados desafios, mas de intensa atividade. Na entrada de uma nova década, de um novo futuro, foram muitos aqueles que apoiaram Serralves e a quem expressamos aqui o nosso reconhecimento. Ao Estado Português, pelo apoio, confiança, e por reconhecer a importância da Cultura e o importante papel desempenhado por Serralves na sua promoção. Aos nossos Mecenas, Patronos e Fundadores uma palavra muito especial de gratidão. Sem o apoio de todos não conseguiríamos concretizar uma programação tão abrangente nem ser a Instituição de referência que somos hoje. À Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte pelo bom acolhimento e atenta avaliação que tem feito das nossas candidaturas, que constituem um instrumento fundamental para a concretização de um importante conjunto de atividades, de investimentos e de projetos. Reconhecemos igualmente todo o apoio prestado pela Câmara do Porto e restantes Autarquias nossas Fundadoras aos projetos por nós desenvolvidos. Aos Artistas, Curadores e Investigadores e todos aqueles que, com o seu conhecimento, trabalho especializado, obra e dedicação contribuem para a qualidade e relevância das atividades desenvolvidas por Serralves. Aos Amigos de Serralves pela confiança e amizade. Com o seu contributo incentivam-nos a crescer e ajudam a que o nosso desempenho institucional corresponda a um nível de exigência mais elevado, com evidentes melhorias na nossa oferta. Agradecemos, de forma muito especial, ao Público que nos acompanha quer presencial, quer digitalmente, validando a nossa atuação e ajudando a Fundação a cumprir a sua Missão. A todos os Colaboradores agradecemos o grande o empenho e dedicação demonstrados num ano de tão grandes desafios. O Conselho de Administração
6 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Estrutura Fundacional
7 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Estrutura Fundacional Conselho de Fundadores Emílio Rui Vilar ― Presidente Fundadores 1989 Estado Português A Boa Reguladora – Com. e Ind. de Relógios, Lda. Airbus Industrie Alexandre Cardoso, S.A. Amorim – Investimentos e Participações, SGPS, S.A. António Brandão Miranda Arsopi – Indústria Metalúrgica Arlindo S. Pinho, S.A. Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (Portugal), S.A. Banco Borges e Irmão, S.A. Banco de Comércio e Indústria, S.A. Banco Fonsecas & Burnay Banco Internacional de Crédito, S.A. Banco Nacional Ultramarino Banco Português do Atlântico, E.P. Banco Santander Totta, S.A. BNP Paribas Factor – Inst. Financeira de Crédito S.A. BPI – Banco Português de Investimento, S.A. Caixa Geral de Depósitos, S.A. Chelding, Lda. Cinca – Companhia Industrial de Cerâmica, S.A. Cotesi – Companhia de Têxteis Sintéticos, S.A. Fábrica de Malhas Filobranca, S.A. Fnac – Fábrica Nacional de Ar Condicionado Fromageries Bel Portugal, S.A. Fundação Luso-Americana Grupo NORS Grupo Salvador Caetano I.P. Holding, SGPS, S.A. Indústrias Têxteis Somelos, S.A. João Vasco Marques Pinto Jorge de Brito Maconde SGPS., S.A. Millennium BCP Nestlé Portugal, S.A. Polimaia, SGPS, S.A. Produtos Sarcol, S.A. RAR. – Sociedade de Controle (Holding) S.A. Rima, S.A. Riopele, S.A. Rolporto (Soleasing) Santogal, SGPS, S.A. Sociedade Com. Tasso de Sousa – Automóveis, S.A. Sociedade Têxtil A Flor do Campo, S.A. Sogrape Vinhos, S.A. Soja de Portugal, SGPS, S.A. Sonae SGPS, S.A. Super Bock Group, SGPS, S.A. Têxteis Carlos Sousa, S.A. Têxtil Manuel Gonçalves, S.A. União de Bancos Portugueses, S.A. Vera Lilian Cohen Espírito Santo Silva Vicaima – Indústria de Madeiras e Derivados, S.A. Fundadores por Natureza Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas, CRL Associação Comercial do Porto Associação Empresarial de Portugal Câmara Municipal do Porto Fundação Engenheiro António de Almeida Universidade do Minho Universidade do Porto 1994 AdP – Águas de Portugal, SGPS, S.A. APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, S.A. Auchan Retail Portugal, S.A. Cerealis, SGPS, S.A. Cimpor – Cimentos de Portugal, SGPS, S.A. Crédito Predial Português, S.A. Entreposto – Gestão e Participações, SGPS, S.A. Europarque – Centro Económico e Cultural Fidelidade – Companhia de Seguros, S.A. Filinto Mota, SUCRS, S.A. Francisco José Marques Pinto Generali Seguros, S.A. Jerónimo Martins, SGPS, S.A. JMA Felpos, S.A. Joaquim Moutinho Miguel Pais do Amaral Mota – Engil, SGPS, S.A. Novo Banco, S.A. Parque Expo 98, S.A. Symington Family Estates Vista Alegre Atlantis, S.A. 1995 Ageas Portugal, Companhia de Seguros, S.A. Banco Finantia, S.A. EDP – Electricidade de Portugal, S.A. Flatlands - Sociedade de Gestão e Investimentos Imobiliários, Lda. N. Quintas, SGPS, S.A. 1996 CIN – Corporação Industrial do Norte, S.A. GALP Energia, SGPS, S.A. (Petrogal)
8 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 GALP Energia, SGPS, S.A. (Transgás) Mário Soares 1997 Evolution Engenharia, S.A. 1998 Banco BPI, S.A. McKinsey & Company 1999 ACO – Fábrica de Calçado, S.A. André Jordan Banco Privado Português, S.A. Banif – Banco Internacional do Funchal, S.A. Bosch Termotecnologia, S.A. Brisa – Auto-estradas de Portugal, S.A. CTT – Correios de Portugal, S.A. Efacec Power Solutions, SGPS, S.A. Ericsson Telecomunicações, Lda. Fernando Simão, SGPS, S.A. JBT – Tecidos, S.A. Maria Cândida e Rui Sousa Morais NOS, SGPS, S.A. Pedro Almeida Freitas Pharol, SGPS, S.A. Ramada Aços, S.A. REN Portgás Distribuição, S.A. Rumape, SGPS, S.A. SIC – Soc. Independente de Comunicação, S.A. STCP – Soc. de Transportes Colectivos do Porto, S.A. 2000 Águas do Douro e Paiva, S.A. Bial – Portela & Cª, S.A. Gamobar – Sociedade de Representações, S.A. MEO-Serviços de Comunicações e Multimédia, S.A. 2001 Euronext Lisbon – SGMR, S.A. Metro do Porto, S.A. Montepio Geral The Navigator Company, S.A. 2002 ASA Editores II, S.A. Ascendi Norte – Auto-estradas do Norte, S.A. Inditex, S.A. (Zara Portugal) Sacyr Somague, S.A. Siemens, S.A. Vodafone Portugal, Comunicações Pessoais, S.A. 2003 Álvaro Siza El Corte Inglés, S.A. João Rendeiro Refrige – Sociedade Industrial de Refrigerantes, S.A. SCC – Sociedade Central de Cervejas, S.A. Teresa Patrício Gouveia 2004 Martifer – Construções Metalomecânicas, S.A. Rangel Invest – Investimentos Logísticos, S.A. REN – Rede Eléctrica Nacional, S.A. 2005 Grupo Nabeiro – Delta Cafés, SGPS, S.A. Ibersol, SGPS, S.A. Jorge Sampaio José Berardo Prosegur SAP Portugal Varzim-Sol – Turismo, Jogo, Animação, S.A. 2006 Adalberto Neiva de Oliveira Câmara Municipal de Matosinhos Companhia de Seguros Allianz Portugal, S.A. JVC – Holding, SGPS, S.A. Norprint – Artes Gráficas, S.A. Tabaqueira, S.A. 2007 ANA – Aeroportos de Portugal, S.A. Área Metropolitana do Porto Associação Nacional das Farmácias Câmara Municipal da Póvoa de Varzim Câmara Municipal de Santa Maria da Feira Câmara Municipal de Santo Tirso Câmara Municipal de São João da Madeira Câmara Municipal de Vila do Conde Gestifute, S.A. Grupo Media Capital J. Soares Correia, S.A. José Paulo Fernandes Manoel de Oliveira Morais Leitão Oblyquo's, S.A. 2008 Agustina Bessa-Luís Câmara Municipal de Ovar Câmara Municipal de Viseu Inter IKEA Centre Portugal, S.A. McCann Erickson, Portugal, Publicidade, Lda. Sovena Group – SGPS, S.A. 2009 BA GLASS Portugal, S.A. Câmara Municipal de Viana do Castelo CUF, S.A. Maria Antónia Pinto de Azevedo Mascarenhas 2010 Câmara Municipal de Ponta Delgada CPCIS – C. Port. de Com., Inf. e Sistemas, S.A. Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, RL, Soc. Adv. Douro Azul, Soc. Marítimo-Turística, S.A. 2011 Câmara Municipal de Barcelos Grupo Simoldes M. Couto Alves, S.A. Robert Frederick Illing
9 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Santa Casa Misericórdia do Porto 2012 Porto Editora 2013 Carlos Moreira da Silva e Fernanda Arrepia 2014 AAPICO Maia, S.A. Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis Ferpinta – Indústrias de Tubos de Aço F.P.T., S.A. Luís Valente de Oliveira Norgarante – Sociedade de Garantia Mútua, S.A. Paulo Pimenta Polopique – Comércio, Indústria e Confeções, S.A. 2015 António Gomes de Pinho APCER – Associação Portuguesa de Certificação Câmara Municipal de Braga Câmara Municipal da Maia CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento Luís Braga da Cruz 2016 Águas do Porto Aníbal Cavaco Silva AON Portugal – Corretores de Seguros, S.A. Câmara Municipal de Abrantes Câmara Municipal de Beja Câmara Municipal de Caminha Câmara Municipal de Castelo Branco Câmara Municipal de Chaves Câmara Municipal de Faro Câmara Municipal da Guarda Câmara Municipal de Guimarães Câmara Municipal de Torres Vedras Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Câmara Municipal de Vila Real Lameirinho – Indústria Têxtil, S.A. LIPOR – Serv. Intermunicip. Gest. Resíd. Grd Porto PLMJ – Sociedade de Advogados, RL PricewaterhouseCoopers &Associados – SROC, Lda PROEF, SGPS, S.A. RTP - Rádio e Televisão de Portugal, S.A. 2017 AMG Services S.A. Artur Santos Silva BCG – Boston Consulting Group Câmara Municipal de Aveiro Câmara Municipal de Espinho Câmara Municipal de Lisboa Câmara Municipal de Ponte de Lima Crispim & Abreu ERT Têxtil Portugal, S.A. Fundação Manuel Sampaio Couto Golden Wealth Management Grupo EGOR Havas Worldwide Infraestruturas de Portugal S.A. João Rafael Koehler José Maria Ferreira Securitas – Serv. e Tecnologias de Segurança, S.A. Sogevinus Fine Wines S.A. SUMOL+COMPAL Marcas, S.A. TAP Air Portugal 2018 ANTARTE Banco de Investimento Global, S.A. Bankinter, S.A. – Sucursal em Portugal Câmara Municipal de Mirandela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia David Rodrigues Advogados David Rosas, Lda. Diverstock Investments, S.A. Fuste, S.A. Galeria Mário Sequeira Grupo ACA INSPAUTO – Inspeção de Veículos, Lda. KPMG & Associados - SROC, S.A. LUCIOS – Engenharia e Construção Lusíadas Saúde PROZINCO - Construção e Manutenção, S.A. Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Sociedade Ponto Verde, S.A. Telles Advogados 2019 Álvaro Pinho da Costa Leite e Maria Augusta Resende da Costa Leite Ana Pinho Macedo Silva e João Nuno Macedo Silva DST, S.A. Ernst & Young Audit & Associados - SROC, S.A. Eurobic Fundação "la Caixa" IMOABA - Sociedade Gestora de Imóveis, Lda. Ingrid Dhanis e Luís Portela Intraplás – Indústria Transformadora de Plásticos, Lda. Kaizen Institute Portugal Lactogal – Produtos Alimentares, S.A. Mafalda da Cunha Guedes e Fernando Guedes Margarida e Belmiro Azevedo Maria de Belém Sampaio Maria Fernanda e Américo Amorim Nonsense Assets, S.A. Oitoemponto, S.A. Palácio da Bolsa Prozis.Group, S.A. Regina Leite e João Borges de Oliveira Singularelite Unipessoal, Lda. TEAK Capital, S.A. VMPS - Águas e Turismo S.A.
10 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 2020 António Oliveira AOF – Augusto de Oliveira Ferreira & CA BMcar Carmo Wood Civilria Delloitte EFG Bank FAP - Federação Académica do Porto Grupo 8 – Vigilância e Prevenção Eletrónica, S.A. Inês e José Miguel Pereira de Jesus Isegoria Capital Margaret Morgan e Wesley Phoa Maria Rolanda Miranda e João Miranda Natacha Ferreira de Brito e Paulo Malafaia Nuno Centeno e Maria José Rua Centeno Triva Group Unilabs 2021 Ana e Frederick Lehmann António José Tâmega Corrêa dos Santos e Maria da Conceição dos Santos Gomes António Silvestre Ferreira Arquiconsult Câmara Municipal de Gondomar Câmara Municipal de Lamego Carlos Góis e Helena Góis Castro Group Cobelba – Sociedade de Construção Civil, S.A. Colunex Fundação Mestre Casais Korn Ferry Maria João e Armando Cabral Pinhais & Companhia, Lda PRIO Rosseti Engenharia Saba Universidade Católica Portuguesa Vanguard Properties Vieira de Almeida Conselho de Administração Ana Pinho - Presidente Manuel Ferreira da Silva - Vice-Presidente Isabel Pires de Lima - Vice-Presidente José Pacheco Pereira - Vice-Presidente Carlos Moreira da Silva Manuel Sobrinho Simões Fernando Cunha Guedes Tomás Jervell Comissão Executiva Ana Pinho – Presidente Manuel Ferreira da Silva Isabel Pires de Lima Conselho Fiscal Amílcar Pires Salgado – Presidente João Serrenho PriceWaterhouseCoopers &Associados ― SROC, Lda, representada por José Manuel Bernardo Direções Diretor do Museu – Philippe Vergne Diretora do Parque – Helena Freitas Diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira – António Preto Diretora Administrativa-Financeira – Sofia Castro Diretor de Recursos e Projetos Especiais – Rui Costa
Apoios
12 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Apoios Institucionais Câmara Municipal do Porto Cofinanciamento PORTUGAL 2020 Edifício Poente do Museu de Arte Contemporânea de Serralves Serralves RH+ Olhares Inclusivos, Janelas para o Mundo, Tenho 25 anos: pelo olhar do cinema Serralves Hub de Cultura Digital Outros Financiamentos Art at Park e Valoriz.Art S2S – STARTS Towards Sustainability Yucunet Cinemini 2 Álvaro Siza: (In)Discipline Pro.Museus Coleção Casa do Cinema
13 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Os nossos Mecenas Grandes Mecenas Mecenas do Museu de Serralves Mecenas da Exposição da Coleção Modus Operandi Mecenas da Exposição de Ai Weiwei Mecenas do Serralves em Luz Mecenas do Treetop Walk Mecenas do Parque Mecenas do Serralves em Luz Mecenas da Exposição de João Maria Gusmão e Pedro Paiva Outros Mecenas Mecenas dos Projetos Contemporâneos Mecenas do Jazz no Parque Mecenas do Bioblitz Mecenas das Comunicações Mecenas da Exposição de Jorge Molder Mecenas da Exposição de Hans Ulrich Obrist Mecenas da Exposição Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís
Fundadores Patrono* Ageas Portugal Companhia de Seguros, S.A. Águas do Douro e Paiva, S.A. Amorim – Investimentos e Participações, SGPS, S.A. ANA – Aeroportos de Portugal, S.A. André Jordan APCER – Associação Portuguesa deCertificação APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana doCastelo, S.A. Arsopi – IndústriaMetalúrgica Arlindo S. Pinho, S.A. Ascendi Norte – Auto-estradas do Norte, S.A. AssociaçãoComercial do Porto Auchan Retail Portugal, S.A. BAGlass Portugal, S.A. Bial – Portela&Cª, S.A. Brisa – Auto-estradas de Portugal, S.A. CaixaGeral de Depósitos, S.A. CâmaraMunicipal da Póvoa do Varzim CâmaraMunicipal de Barcelos CâmaraMunicipal de Braga CâmaraMunicipal deCastelo Branco CâmaraMunicipal deChaves CâmaraMunicipal de Faro CâmaraMunicipal daMaia CâmaraMunicipal deMatosinhos CâmaraMunicipal de SantaMaria da Feira CâmaraMunicipal de Torres Vedras CIN – Corporação Industrial do Norte, S.A. Cotesi – Companhia de Têxteis Sintéticos, S.A. CTT – Correios de Portugal, S.A. Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, RL, Soc. Advogados Douro Azul, Soc. Marítimo-Turística, S.A. Efacec Power Solutions, SGPS, S.A. El Corte Inglés, S.A. FidelidadeCompanhia de Seguros, S.A. FundaçãoManuel SampaioCouto GALP Energia, SGPS, S.A. Grupo Nabeiro – DeltaCafés, SGPS, S.A. Grupo NORS Grupo Salvador Caetano, S.A. Grupo Simoldes Ibersol, SGPS, S.A. Inditex, S.A. João VascoMarques Pinto LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos doGrande Porto Metro do Porto, S.A. Morais Leitão Mota – Engil, SGPS, S.A. NOS, SGPS, S.A. Novo Banco, S.A. Polopique – Comércio, Indústria eConfeções, S.A. Ramada Aços, S.A. Rangel Invest – Investimentos Logísticos, S.A. RAR – Sociedade deControle (Holding) S.A. REN – Rede Elétrica Nacional, S.A. REN Portgás Distribuição, S.A. Riopele, Têxteis, S.A. Sogrape Vinhos, S.A. Soja de Portugal, SGPS, S.A. Sonae SGPS, S.A. Tabaqueira, S.A. Vicaima – Indústria deMadeiras e Derivados, S.A. Vodafone Portugal, Comunicações Pessoais, S.A. * Fundadores que contribuíram para o Fundo Anual da Fundação de Serralves em 2021
15 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Indicadores de desempenho Institucional
16 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Indicadores de desempenho Serralves em números Porque 2021 marca o final do segundo mandato do atual Conselho de Administração importa fazer um balanço dos últimos 6 anos. Nos 32 anos de existência da Fundação passaram pelos vários espaços de Serralves cerca de 12 milhões de visitantes de todas as idades e vindos de todos os pontos do país e do mundo. Mais de um terço deste número total de visitantes - 4,2 milhões foram registados nos últimos seis anos, mesmo com a crise sanitária causada pela Covid 19. Trata-se de um número muito expressivo e indicativo da crescente dinâmica da instituição. Estes números de afluência colocam a instituição no primeiro lugar dos Museus Portugueses com entradas pagas e entre os mais visitados museus europeus de arte contemporânea de dimensão idêntica. Visitantes totais O número de visitantes estrangeiros que se registam na Fundação de Serralves tem evoluído ao longo dos anos de forma significativa. Entre 2016 e 2021 o número ultrapassou os 1,3 milhões, o que representa um crescimento de 214% face ao período homólogo anterior. Visitantes estrangeiros
17 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Ao longo dos últimos anos, tem vindo a revelar-se cada vez mais fundamental para a Fundação de Serralves, no que diz respeito à sua missão, valores e visão, ações que permitam o acesso, descentralização e democratização da arte e da cultura. Neste sentido, Serralves tem vindo a aprofundar a sua relação não apenas com autarquias, mas também de outras entidades do país, estabelecendo parcerias que têm permitido ampliar a rede de acesso e de aproximação das populações fora dos grandes centros urbanos à arte e cultura contemporânea. Nos últimos seis anos foram apresentadas iniciativas e projetos expositivos da Coleção, mas também da área do ambiente - desenvolvidos pelo Parque de Serralves; e ainda na área do cinema, fotografia e literatura - desenvolvidos pela Casa do Cinema Manoel de Oliveira. Iniciativas de Serralves pelo País A Reflexão é uma das áreas estratégicas de atuação da Fundação. Foram realizadas mais de 660 iniciativas, desde conferências, conversas, mesas redondas e debates, sobre os mais variados e relevantes temas para a sociedade e seu futuro, que contaram com a participação e importantes oradores nacionais e estrangeiros. Iniciativas de Reflexão Com a edição de dezenas de publicações pelo Museu, Parque e Casa do Cinema, Serralves reforça a sua estratégia de formação e sensibilização de públicos, prolongando o conhecimento no tempo e no espaço. Publicações Editadas
18 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 A Cobertura Média teve um enorme aumento, representando mais de 141 milhões de Euros em Valor Equivalente de Publicidade - um crescimento de quase 175%. Foram muitos eventos realizados que beneficiaram de especial e extensa cobertura, tais como o Serralves em Festa, a Festa do Outono, o Bioblitz, ou mesmo grandes exposições como Joan Miró, Anish Kapoor, Olafur Eliasson ou Ai Weiwei. Foram também muitos os programas transmitidos diretamente de Serralves, desde Jornais dos principais canais de televisão portugueses, a programas especiais, como o Prós e Contras – dois deles dedicados à Cultura; o programa Visita Guiada, entre muitos outros. Cobertura Media AED – em M€ Serralves tornou-se mais digital. Para além do lançamento de um novo Website, mais funcional para os utilizadores, houve um grande investimento na comunicação através das principais redes sociais. Durante a crise sanitária causada pela Covid 19, Serralves criou o SOLE – Serralves Online Experience, um projeto que garantiu o espaço e tempo para a partilha de experiências artísticas, ambientais e educativas e manteve Serralves sempre próximo dos seus públicos, mesmo nos períodos de confinamento. Este projeto mantém-se ativo e faz parte da estratégia de comunicação da Fundação. Serralves é hoje instituição cultural portuguesa com mais seguidores no instagram – 133 mil Seguidores no Instagram N.º de posts no Instagram O valor das obras incorporadas através de doações e aquisições ascendeu a cerca de 12 milhões entre 20162021, um crescimento de 45% face ao período de 2010-2015 Valor das obras incorporadas na Coleção de Serralves
19 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 A angariação de Novos Fundadores permite um reforço do Património da Fundação e por consequência o desenvolvimento de uma atividade ambiciosa e impactante de relevância nacional e internacional Nos últimos 6 anos juntaram-se a Serralves 120 Novos Fundadores Novos Fundadores
20 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Síntese da atividade de Serralves em 2021
21 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Museu de Arte Contemporânea
22 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Museu de Arte Contemporânea de Serralves Os museus são atualmente foros que permitem pensar algumas das questões centrais do nosso tempo. A programação do Museu de Arte Contemporânea de Serralves tem nos últimos anos permitido refletir sobre problemáticas como o racismo sistémico, as consequências do colonialismo, as alterações climáticas e, mais recentemente, a crise provocada pela Covid-19. Longe de serem ilhas isoladas de quaisquer discussões sociais, as instituições artísticas apresentam regularmente (e crescentemente) nomes e projetos muito envolvidos com o nosso tempo. Na programação de
23 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Serralves de 2021 foram disso exemplos maiores os artistas Ai Weiwei e Mark Bradford, cuja relevância artística também se ancora na forma (sempre sofisticada, não panfletária) como têm vindo a incluir nos seus trabalhos questões que nos fazem meditar sobre o mundo em que vivemos (e principalmente pensar naquele em que queremos viver!). Serralves também se tem dedicado a repensar o amplo espectro de significados que uma das suas atividades essenciais (organizar e apresentar exposições) pode tomar atualmente, quando o modelo exposição é constantemente sujeito a redefinições. São disto exemplos a mostra da dupla de artistas portugueses João Maria Gusmão & Pedro Paiva – que conceberam a apresentação dos seus trabalhos de quase duas décadas como uma imensa instalação – ou a decisão de convidar um destes artistas (João Maria Gusmão) para comissariar uma exposição de Gonçalo Pena apresentada praticamente em simultâneo – um exercício que permitiu perceber as particularidades do artistacomo-comissário ao mesmo tempo que deixou pistas para avaliar como os dois trabalhos, apesar de formal e estilisticamente muito distantes, se podiam iluminar mutuamente. Esta missão de contribuir para a redefinição de modelos artísticos e dos papéis tradicionais dos seus agentes, amplia-se numa instituição como Serralves (que detém uma importante coleção dedicada à arte dos últimos 50 anos) em mostras pensadas a partir deste espólio e que devem contribuir para reescrever a história da arte ou olhar sob perspetivas inéditas para a produção de artistas, portugueses e estrangeiros, de que integramos núcleos de obras que permitem fazer apresentações individuais (ou que são representados na Coleção com obras suficientemente icónicas e impactantes para poderem ser apresentadas sozinhas). Em 2021, o Museu continuou a apostar nestas duas possibilidades, através de mostras colectivas (Modus Operandi, Mais do que um metro quadrado) e individuais (Jorge Queiroz, Pedro Tudela, Jorge Molder, Roni Horn, Dara Binbaum), além de ter prosseguido fora de portas o seu programa de itinerâncias, que leva a todo o país exposições da Coleção e que é reconhecido como um dos projetos que mais contribui para o convívio com a arte contemporânea de populações afastadas dos maiores centros urbanos. Destaque-se ainda o importante trabalho de estudo, conservação e apresentação da Coleção Miró depositada em Serralves pelo Estado Português, definitivamente residente na Casa de Serralves depois de uma recuperação do Arquiteto Álvaro Siza ter para isso criado todas as condições museológicas, com a qual organizámos uma importante exposição do artista catalão (Joan Miró: Signos e Figuração). Casa, Museu e Parque assumem-se cada vez mais como equipamentos complementares, todos ao serviço de uma única visão artística e frequentemente utilizados como palcos para diferentes abordagens à obra de determinado artista (este ano, Ai Weiwei, Christina Kubisch e O Museu como Performance são três exemplos). Tentando respeitar a cronologia, pelo menos no diz respeito às maiores exposições apresentadas no Museu, devemos começar por Terçolho (apresentada entre junho e novembro de 2021), a mais completa exposição até à data de João Maria Gusmão e Pedro Paiva, abrangendo o seu trabalho em filme, fotografia, escultura e instalação realizado ao longo de quase duas décadas. Pensada como uma grande instalação, na base da exposição esteve uma ideia caleidoscópica de exposições dentro de exposições, em que imagens em diferentes suportes se iam desdobrando ao longo das galerias e da garagem do museu. A obra de João Maria Gusmão e Pedro Paiva apresentase como um autêntico laboratório em que são testados o conhecimento empírico, a metafísica existencial e os limites da perceção do real. A dupla descreve o seu projeto global como uma espécie de “metafísica recreativa”. Barber Shop, exposição de Gonçalo Pena apresentada na Galeria Contemporânea entre junho e outubro de 2021, revelou a produção desenhística obsessiva do pintor. Absurdos, politicamente incorretos e estilisticamente polimorfos, os seus desenhos têm uma qualidade caricatural, ao mesmo
24 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 tempo que denunciam uma profunda literacia do em música, história da arte, literatura, história e cultura popular. Produzidos de uma forma diarística, os desenhos e o interesse por eles revelado por João Maria Gusmão (curador da exposição) & Pedro Paiva, foram uma oportunidade para pensar o contraste e intimidade entre as duas obras. A Galeria Contemporânea, juntamente com a Capela da Casa de Serralves e o Parque, foram os espaços eleitos para a apresentação do trabalho da alemã Christina Kubisch, uma das mais celebradas artistas sonoras, conhecida desde a década de 1970 pelas suas esculturas, instalações e composições eletroacústicas. O programa, que se desdobrou entre uma exposição, concertos, conversas e visitas guiadas, envolveu uma série de artistas do Porto ligados à arte sonora, cumprindo exemplarmente aquele que é um dos desígnios fundamentais de Serralves: apresentar um programa de vocação internacional sem esquecer o contexto local em que funciona, e a importância de fazer dialogar o Porto com o resto do mundo. Ao mesmo tempo, veio sublinhar a relevância das artes performativas no contexto museológico atual, que se traduz igualmente no programa anual OMuseu como Performance, em que durante um fim-de-semana vários artistas, portugueses e estrangeiros, oriundos de vários campos artísticos, ocupam temporariamente diferentes espaços do Museu, Casa e Parque de Serralves e baralham as fronteiras entre artes performativas e artes visuais. Dentro do programa de artes performativas, destaque-se ainda o programa dedicado a outra figura histórica da experimentação sonora: David Behrman. Através de conversas, concertos e da projeção de filmes, revelou-se um artista exemplar não só no que concerne à arte sonora mas também no que respeita ao trabalho colaborativo, não apenas no âmbito da música, mas também entre campos disciplinares, contando entre os seus pares com John Cage, Merce Cunningham, Robert Watts ou Fellini. Ai Weiwei: Entrelaçar, foi uma exposição concebida para o Parque de Serralves (julho 2021 a fevereiro 2022) e para a sala central do Museu (julho 2021 a julho 2022). Ai Weiwei, além de artista, ativista e pensador, é hoje um símbolo da liberdade de expressão. O seu trabalho – que assume a forma de instalações, esculturas, filmes e fotografias –, está permanentemente atento à forma como as nossas existências são influenciadas por forças económicas, políticas, naturais e sociais, e tem sido associado a uma certa iconoclastia na forma de combater poderes instituídos e de abordar as mais importantes e controversas questões do nosso tempo. O artista, que já era amplamente conhecido (e reconhecido), tornou-se ainda mais relevante durante a pandemia de Covid-19, ao fazer um filme cujo interesse ultrapassou largamente o universo das artes: Coronation (2020) é um documentário sobre o confinamento em Wuhan (cidade onde foi reportado o primeiro caso de Covid-19, em dezembro de 2019), China, durante o surto de Covid-19 da primavera de 2020. Examina o amplo espectro político do controlo estatal chinês, denunciando o recurso à propaganda, à vigilância, à ocultação de dados científicos e à punição exemplar de todos quantos disponibilizem informações verdadeiras ao ocidente. O seu projeto para o Parque de Serralves não está desligado, pelo contrário, de questões globais, relacionando-se diretamente com o seu interesse e preocupação com o ambiente e, mais especificamente, com a desflorestação da Mata Atlântica. O mais recente trabalho do artista é a apresentação de uma árvore da Mata Atlântica brasileira com mil e duzentos anos - árvore que morreu, mas que em Serralves, depois de passar de madeira a metal (os elementos de ferro forjado que agora a compõem foram moldados no Brasil e produzidos na China), funcionou como um monumento que nos recordava as nossas ações (a árvore milenar testemunhou transações e migrações – abusos colonialistas, nomeadamente –, bem como mutações no meio ambiente), ao mesmo tempo que nos advertia sobre o que o futuro poderá trazer. Modus Operandi – Obras da Coleção de Serralves (apresentada entre outubro de 2021 e março de 2022) reuniu uma seleção de obras que reflete diversas abordagens experimentais, conceptuais e
25 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 transdisciplinares demonstrativas das atitudes, contextos e preocupações da produção artística desde a década de 1960 até aos nossos dias. O título, que provém da obra homónima do artista norte-americano Joseph Kosuth pertencente à Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE) em depósito em Serralves, traduz bem a importância que damos aos diálogos entre trabalhos e coleções, na base de exposições que questionam todas as tradicionais categorias históricas. Mark Bradford (Los Angeles, 1961) é um dos nomes que melhor definiram a pintura das duas últimas décadas. Ágora, primeira apresentação em Portugal do seu trabalho (apresentada entre novembro de 2021 e junho 2022), centra-se na sua produção artística dos últimos três anos e deu a conhecer um corpo de trabalho criado durante a pandemia de Covid-19. O seu trabalho, que já refletia o impacto no indivíduo de estruturas e tensões sociais e raciais – sendo atravessado por problemáticas como o racismo sistémico, a descriminação dos homossexuais, a epidemia de SIDA – ganhou com a nova epidemia que assolou a humanidades contornos inéditos explorados na exposição. Bradford, para quem a mitologia da Antiguidade tem sido desde sempre uma fonte de inspiração, produziu uma nova série de pinturas, tapeçarias e trabalhos sobre papel baseados em A caça do Unicórnio, um conjunto de tapeçarias medievais produzido nos Países Baixos por volta de 1500; e Cérbero, o cão de três cabeças que guardava a entrada para o reino de Hades. O artista sugere assim um paralelismo entre o presente e a Idade Média, o período em que a arte caiu refém da peste, o mais medieval de todos os perigos. Como vimos, os artistas deslocaram para o museu questões relativas a alterações climáticas, Covid19 e peste (conferindo atualidade à programação de Serralves) mas, mais importante, também trouxeram futuro e esperança. Afinal de contas, a pergunta fundamental que quase todos os artistas fazem e que nos deve interpelar é “Em que mundo é que queremos viver?”.
26 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Exposições em Serralves Roni Horn Some Thames. Obras da Coleção de Serralves JAN – 29 AGO Hall do Museu Roni Horn é uma artista norte-americana (Nova Iorque, 1955) que vive entre Nova Iorque e Reykjavik (Islândia). Desde muito jovem desenvolveu um gosto profundo pela literatura e pela filosofia, que antecedeu o seu interesse pelas artes visuais e que a levou a considerar a sua biblioteca um motor estruturante para si e para a sua obra. A prática do desenho é central e fundamental no trabalho de Horn, que também tem vindo a trabalhar noutros meios, como a escultura, a fotografia e a edição de livros de artista. As viagens e a imersão na paisagem – sobretudo a da Islândia - são fundamentais na sua obra, que explora temas como o tempo meteorológico e a ecologia, a par com a memória, a identidade e a mutação. A representação do mundo exterior é usada como artifício ou metáfora para chegar a um espaço interior e mental. Estas oito fotografias do rio Tamisa, que fizeram parte do conjunto de 80 que Serralves apresentou na sua exposição individual em 2001, foram na altura adquiridas para a Coleção. Na série “Some Thames” (2000-2001), Roni Horn capta momentos do fluxo do rio Tamisa, obtendo um conjunto de imagens aparentemente abstratas e muito semelhantes entre si. Mas na verdade são imagens realistas e existem infinitas diferenças entre elas, ainda que impercetíveis a um olhar menos atento.
27 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Mais do que um metro quadrado Obras da Coleção de Serralves JAN – 04 ABR Foyer do Auditório Mais do que um metro quadrado apresentou um conjunto de fotografias e vídeos da Coleção de Serralves que revelam vários espaços domésticos e públicos: um cinema, uma biblioteca, um camarim de teatro, um palco ou uma repartição, mas também vestígios de arqueologia recente de uma fábrica inativa ou de um hotel abandonado. Os edifícios e as ruas são mais do que as paredes, os telhados, a pedra e o cimento, são mais do que os materiais que os compõem e a geometria que os desenha. Os espaços destinam-se a diferentes utilizações e são vividos de formas distintas por quem os habita, neles trabalha ou simplesmente por quem por eles passa. Estas vidas, estes vestígios, estas memórias, acrescentam histórias a cada lugar e à paisagem que os circunda. As obras que foram apresentadas nesta exposição constituem diferentes abordagens à forma como o espaço é construído, percecionado e vivido, bem como à forma como as pessoas moldam e marcam os lugares por si habitados. Artistas representados: Pedro Barateiro, Mauro Cerqueira, Filipa César, Gordon Matta-Clark, Jan Dibbets, Daniel Malhão, Bruce Nauman, Luís Palma, Paulo Pascoal, Fernando José Pereira, Gregor Schneider, João Paulo Serafim, Augusto Alves da Silva, Guy Tillim, Rui Toscano
28 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Dara Birnbaum na Coleção de Serralves Transmission Tower: Sentinel 09 JAN – 29 AGO Hall do Museu Dara Birnbaum (Nova Iorque, 1946) é uma artista norte-americana que se notabilizou desde os anos 1970 com os seus trabalhos em vídeo. Nessa época, a televisão exercia uma enorme influência na vida das pessoas, sendo a principal e mais influente fonte de informação na sociedade, hoje ampliada pela internet. Birnbaum analisa criticamente o universo televisivo, usando frequentemente as imagens difundidas por esse meio, interrompendo-as, repetindo-as e editando-as. A partir da década de 1990, a artista começou a criar instalações vídeo de grande formato, constituídas por vários ecrãs de televisão. Especialmente encomendada para a Documenta IX de Kassel, Transmission Tower: Sentinel [Torre de transmissão: Sentinela] (1992) analisa a influência da televisão na política norte-americana, neste caso a propósito da Primeira Guerra do Golfo, iniciada em 1991. Oito monitores vídeo, fixados em secções de uma torre de transmissão, formam uma linha que descreve o trajeto de uma bomba lançada de um avião. Em cada monitor são transmitidas imagens de George Bush a discursar no Congresso Nacional Republicano, em 1988. Ao mesmo tempo, imagens do poeta Allen Ginsberg a ler o seu poema antimilitarista Hum Bom!, escrito por ocasião da Guerra do Vietname e reescrito para a Guerra do Golfo, na Convenção Nacional de Estudantes de 1988 na Universidade de Princeton, percorrem o totem de monitores.
29 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Jorge Molder Obras da Coleção de Serralves 05 ABR – 24 OUT Biblioteca de Serralves Esta exposição reuniu uma seleção de obras de Jorge Molder (Lisboa, 1947), a partir de um conjunto mais vasto existente no acervo de Serralves. O trabalho de Molder é conhecido sobretudo pelas suas fotografias a preto e branco, em que se autofotografa (rosto, mãos, corpo inteiro), trajando invariavelmente fato escuro e camisa branca. O artista cria duplos, representa-se a si próprio na pele de outros. No entanto, essas personagens são vagas e indistintas e não pertencem a nenhuma narrativa particular. Das séries apresentadas nesta exposição há duas, contudo, que fogem a esta prática e em que Molder recorre a outro tipo de representações. A vida e a sua natureza incerta e imprevisível, o quotidiano, as referências culturais do artista provenientes da literatura, do cinema, da música ou da história da arte são fundamentais na sua obra, na medida em que podem constituir o ponto a partir do qual se pode derivar e construir algo. A contaminação entre diversas referências, a conjugação de várias possibilidades de combinação, o acaso, a aleatoriedade e as coincidências alimentam e alicerçam o pensamento artístico de Jorge Molder. A deriva, as associações e as transformações não acontecem de forma sistemática, a liberdade é total, as possibilidades são infinitas.
30 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Para uma Timeline a haver Genealogias da Dança enquanto Prática artística em Portugal 22 ABR – 28 NOV Foyer do Auditório Conhecer a História da Dança em Portugal passa, hoje, por pensarmos hoje num espaço global, atravessado e em relação. A dimensão histórica, social e política convocada no projeto expositivo Para uma Timeline a Haver — genealogias da dança enquanto prática artística em Portugal que apresentámos nos Foyers do Auditório de Serralves, integrada na 6ª Edição do Festival DDD, contribuiu seguramente para o fazermos, para aprofundarmos o nosso conhecimento sobre este campo. Partindo de uma reflexão sobre o presente, a equipa autora da exposição construiu uma complexa metodologia histórica e artística que a levou a uma investigação aprofundada e multidisciplinar, para sempre em curso, sobre os processos criativos, filosóficos e simbólicos que marcaram a Dança no séc. XX e início do séc. XXI, no país. Para uma timeline a haver — genealogias da dança enquanto prática artística em Portugal é um exercício coletivo de sinalização de marcos relativos ao desenvolvimento e disseminação da dança como prática artística em Portugal nos séc. XX e XXI. Levado a cabo intermitentemente desde 2016 e assumindo o presente como lugar de enunciação, a cada edição sofre mutações que levam a uma reconfiguração física e metodológica do que é dado a ver. Combina fontes bibliográficas com escuta de testemunhos, recolha de documentos originais com pesquisa iconográfica, desenho de narrativas e relações, procurando criar um lugar múltiplo para a compreensão do que é ou pode ser a dança, e propondo uma familiaridade com obras, autores, “cânones”, corporalidades, épocas e mundividências, interrogando-os estética e politicamente. Programação no âmbito do Festival DDD – Dias Da Dança
31 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Gonçalo Pena Barber Shop Projetos Contemporâneos 02 JUN – 10 OUT Galeria Contemporânea A exposição Barber Shop contou com a apresentação de um extenso conjunto de desenhos de Gonçalo Pena (Lisboa, 1967). Oconjunto apresentado traduze uma imagética da literatura, da mitologia, da história, da filosofia, da cultura pop, da história da arte e da política do passado e do presente, numa confluência de casos sórdidos, situações caricatas, cenários iconoclastas e grotescos, alguns de cariz erótico e irreverente, reunidos pelo artista. O trabalho de desenho do artista foi também objeto de um projeto editorial de João Maria Gusmão e Pedro Paiva apresentado por ocasião desta exposição, o 3º volume da série iniciada em 2014 em associação com a Mousse Publishing, Milão e a Sociedade Internacional de Abissologia. A exposição foi comissariada por João Maria Gusmão.
32 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 João Maria Gusmão e Pedro Paiva Terçolho 18 JUN – 07 NOV Museu de Serralves Apresentada entre 18 junho e 07 novembro 2021, Terçolho foi a mais completa exposição até à data de João Maria Gusmão (Lisboa, 1979) e Pedro Paiva (Lisboa, 1977), abrangendo o seu trabalho em filme, fotografia, escultura e instalação realizado ao longo de quase duas décadas.
33 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Pensada como se de uma instalação de grande escala se tratasse, a exposição teve por base uma ideia caleidoscópica de exposições dentro de exposições: as imagens desdobraram-se em impressões fotográficas, em esculturas de bronze e em múltiplas projeções sem som ao longo das galerias e da garagem do museu. A presença física dos projetores de 16 mm, a sua disposição e o ruído dos seus mecanismos assumem sempre um protagonismo incontornável nas exposições de Gusmão e Paiva, criando um forte impacto e uma grande envolvência com o espectador. Entre 2001 e 2019 João Maria Gusmão e Pedro Paiva colaboram na exploração de campos de pesquisa plástica diversificados, desenvolvendo uma investigação a que se poderia chamar naturalista. A sua obra apresenta-se como um laboratório de experimentação em que são questionados o conhecimento empírico, a metafísica existencial e os limites da perceção do real. Nos seus trabalhos são privilegiados os processos paradoxais e a convocação do inconsciente, através do recurso ao nonsense e ao absurdo e da criação de situações improváveis, em jogos de ocultação e revelação que exploram as ambivalências dos processos analógicos e de comunicação visual. A dupla descreve o seu projeto global como uma espécie de “metafísica recreativa”. A exposição foi comissariada por Marta Moreira de Almeida e Philippe Vergne, com coordenação de Filipa Loureiro
34 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Ai Weiwei Entrelaçar (Pequi vinagreiro, raízes e figuras humanas) Museu: 22 JUL 2021 – 5 FEV 2022 Parque: 22 1JUL 2021 – 10 JUL 2022 Museu e Parque de Serralves Ai Weiwei (Pequim, 1957) é um cidadão global, artista, pensador e ativista , cuja prática artística aborda questões prementes do nosso tempo: o terramoto de 2008 em Sichuan (em trabalhos como Straight [Reto], 2008–12, ou Remembering [Recordar], 2009); a crise mundial de refugiados e migrantes forçados (na escultura Law of the Journey [A lei da jornada] e no documentário Human Flow [Fluxo humano], uma longa-metragem, ambos de 2017); ou, mais recentemente, o isolamento de Wuhan, China, durante o aparecimento do surto epidémico de Covid-19 na primavera de 2020 (a longa-metragem Coronation [Coroação], 2020; Cockroach [Barata], 2020, que documenta a luta pela democracia em Hong Kong; e por último, Rohingya, 2021, o seu mais recente documentário que aborda de novo o tema dos refugiados, centrando-se agora no povo Rohingya.
35 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Desde as posições iconoclastas perante a autoridade e a história — que incluíram o tríptico Dropping a Han Dynasty Urn [Deixando cair uma urna da Dinastia Han], 1995, e uma série de fotografias intitulada Study of Perspective [Estudo de perspetiva], 1995-2011, em que mostra o dedo do meio a símbolos do poder — a sua produção diversificou-se, passando a abranger arquitetura, arte pública e performance. Para além de considerações de forma e de protesto, atualmente Ai Weiwei mede a nossa existência segundo a relação com as forças económicas, políticas, naturais e sociais, unindo destreza oficinal e criatividade conceptual. Símbolos universais de humanidade e comunidade, como bicicletas, flores ou árvores, assim como os eternos problemas de fronteiras e conflitos são reformulados e potenciados através de instalações, esculturas, filmes e fotografias, ao mesmo tempo que Ai continua a pronunciar-se publicamente sobre questões que acredita serem importantes. Ele é uma das mais proeminentes figuras culturais da sua geração e um exemplo da liberdade de expressão, tanto na China como internacionalmente. As obras em exposição — Iron Roots [Raízes de ferro] e Pequi Tree [Pequi vinagreiro] — fazem parte de um corpo de trabalho que reflete o interesse e a preocupação de Ai Weiwei com o ambiente e, mais especificamente, com a desflorestação da Mata Atlântica brasileira. A exposição em Serralves, concebida especificamente para o Parque e a sala central do Museu, é comissariada por Philippe Vergne e Paula Fernandes, contando com o apoio do estúdio do artista e da Lisson Gallery, Londres, e neugerriemschneider, Berlim.
36 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Pedro Tudela Na Coleção de Serralves 15 SET 2021 – 24 MAR 2022 Museu de Serralves Nesta exposição foi apresentado um conjunto de obras de Pedro Tudela (Viseu, 1962) pertencentes à Coleção de Serralves que abrange quase trinta anos de trabalho, de 1990 a 2019. No início da sua carreira, na década de 1980, Pedro Tudela fazia pinturas, mas no início dos anos 1990 introduziu pela primeira vez o som na sua obra, o que aconteceu na exposição Mute… life (Galeria Atlântica, Porto, 1992), de que aqui apresentamos uma obra. Nessa exposição, o som era ainda autónomo das obras plásticas que compunham a mostra, funcionando antes como banda sonora envolvente e agregadora dos vários elementos expostos. A partir dessa altura, o som vai ganhando cada vez mais relevância, passando a integrar plenamente a obra, plástica e conceptualmente, da mesma forma que o desenho, a pintura ou a escultura. Tudela trabalha e incorpora as várias disciplinas sem hierarquias nem barreiras entre si, refletindo justamente a permeabilidade entre linguagens que se torna uma das características principais do seu trabalho. A prática artística de Tudela é indissociável da existência humana e do mundo, o que se tem manifestado de diversas formas ao longo do seu percurso, aqui representado por um conjunto de nove trabalhos.
37 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 MODUS Operandi Obras da Coleção de Serralves 07 OUT 2021 – 06 MAR 2022 Museu de Serralves A exposição Modus Operandi baseou-se numa leitura atenta da Coleção de Serralves desde a sua génese, incluindo o conjunto de obras adquiridas pela Secretaria de Estado da Cultura antes da criação da Fundação de Serralves e do seu Museu. Desde o início que o propósito da Coleção foi incluir formas artísticas vanguardistas e experimentais, numa correlação de obras nacionais e internacionais, olhando o mundo a partir do contexto histórico e artístico português. O ponto de partida da exposição foi uma homenagem a Joseph Beuys, presente através de um portfólio publicado em 1986 de obras gráficas executadas por trinta artistas de renome internacional, e o legado da sua obra, ativismo e noção de escultura social, que atravessou esta exposição desde as primeiras aquisições até às mais recentes. Se o significado de modus operandi é um modo preferido de operar e de trabalhar, um conjunto de hábitos, então esta apresentação da Coleção de Serralves sublinhou a relevância do credo de Beuys, a sua convicção de que a arte pode mudar o mundo, de que toda e cada pessoa pode ser ‘artista’ e de que a generosidade cívica e estética é uma arte, talvez até a mais exigente de todas.
38 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2021 Joan Miró Signos e Figuração 15 OUT 2021 – 02 OUT 2022 Casa de Serralves A Coleção Miró, propriedade do Estado Português, é composta por 85 obras e engloba pinturas, esculturas, colagens, desenhos e tapeçarias do famoso artista catalão. Cedida ao Município do Porto por um período de 25 anos e em depósito na Fundação de Serralves, a Coleção abrange seis décadas de trabalho de Joan Miró, de 1924 até 1981, constituindo assim uma excelente introdução à sua obra e às suas principais preocupações artísticas. Joan Miró (1893—1983), um dos grandes “criadores de formas” do século XX, foi simultaneamente um “assassino” estético que desafiou os limites tradicionais dos meios em que trabalhou. Na sua arte, as diferentes práticas dialogam entre si, cruzando os meios: a pintura comunica com o desenho; a escultura seduz os objetos tecidos; e as colagens, sempre conjugações de entidades díspares, funcionam como princípio maior ou matriz para a exploração das profundezas do real. Esta exposição não segue um formato cronológico ou linear: as obras foram agregadas tematicamente, tentando dar uma visão holística do percurso do artista. As várias salas abordam diferentes aspetos da sua arte: o desenvolvimento de uma linguagem de signos; o encontro do artista com a pintura abstrata que se fazia na Europa e na América; o seu interesse pelo processo e pelo gesto expressivo; as suas complexas respostas ao drama social dos anos 1930; a inovadora abordagem da colagem; o impacto da estética do sudoeste asiático na sua prática do desenho; e, acima de tudo, a sua incessante curiosidade pela natureza dos materiais.
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