Relatório & Contas 2020

+ SERRALVES 2020 RELATÓRIO E CONTAS

2 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 ÍNDICE PALAVRAS INICIAIS DE RECONHECIMENTO 04 ESTRUTURA FUNDACIONAL 06 APOIOS 12 INDICADORES DE DESEMPENHO INSTITUCIONAL 15 SÍNTESE DA ATIVIDADE DE SERRALVES EM 2020 20 MUSEU DE SERRALVES 21 PARQUE DE SERRALVES 83 CASA DO CINEMA MANOEL DE OLIVEIRA 91 PROJETOS TRANSVERSAIS 106 EDUCAÇÃO – ARTES E AMBIENTE 113 REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 137 SOLE 143 ATIVIDADES DE SUPORTE 151 INVESTIMENTOS 154 ÓRGÃOS SOCIAIS 156 CAPITAL HUMANO 159 SITUAÇÃO ECONÓMICA E FINANCEIRA 165 PERSPETIVAS PARA O ANO 2020 169 AGRADECIMENTOS 174 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 179 CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS RELATÓRIO E PARECER DO CONSELHO FISCAL

3 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 PALAVRAS INICIAIS DE RECONHECIMENTO

4 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 PALAVRAS INICIAIS DE RECONHECIMENTO Num ano de grandes desafios, Serralves pôde contar com o apoio de muitos, a quem queremos deixar aqui registado um reconhecido agradecimento: Ao Estado Português, pelo apoio, confiança, e por reconhecer a importância da Cultura e o importante papel desempenhado por Serralves na sua promoção. Aos nossos Mecenas, Patronos e Fundadores uma palavra muito especial de gratidão. Sem o apoio de todos não conseguiríamos concretizar uma programação tão abrangente nem ser a Instituição de referência que somos hoje. À Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte pelo bom acolhimento e atenta avaliação que tem feito das nossas candidaturas, que constituem um instrumento fundamental para a concretização de um importante conjunto de atividades, de investimentos e de projetos. Reconhecemos igualmente todo o apoio prestado pela Câmara do Porto e restantes Autarquias nossas Fundadoras aos projetos por nós desenvolvidos. Aos Artistas, Curadores e Investigadores e todos aqueles que, com o seu conhecimento, trabalho especializado, obra e dedicação contribuem para a qualidade e relevância das atividades desenvolvidas por Serralves. Aos Amigos de Serralves pela confiança e amizade. Com o seu contributo incentivam-nos a crescer e ajudam a que o nosso desempenho institucional corresponda a um nível de exigência mais elevado, com evidentes melhorias na nossa oferta. Agradecemos, de forma muito especial, ao Público que nos acompanha quer presencial, quer digitalmente, validando a nossa atuação e ajudando a Fundação a cumprir a sua Missão. A todos os Colaboradores agradecemos o grande o empenho e dedicação demonstrados num ano de tão grandes desafios. O Conselho de Administração

5 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 ESTRUTURA FUNDACIONAL

6 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 ESTRUTURA FUNDACIONAL Conselho de Fundadores Emílio Rui Vilar ― Presidente Fundadores 1989 Estado Português A Boa Reguladora ― Com. e Ind. de Relógios, Lda. Airbus Industrie Alexandre Cardoso, S.A. Amorim ― Investimentos e Participações, SGPS, S.A. António Brandão Miranda Arsopi ― Indústria Metalúrgica Arlindo S. Pinho, S.A. Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (Portugal), S.A. Banco Borges e Irmão, S.A. Banco de Comércio e Indústria, S.A. Banco Fonsecas & Burnay Banco Internacional de Crédito, S.A. Banco Nacional Ultramarino Banco Português do Atlântico, E.P. Banco Santander Totta, S.A. BNP Paribas Factor ― Inst. Financeira Crédito S.A. BPI ― Banco Português de Investimento, S.A. Caixa Geral de Depósitos, S.A. Chelding, Lda. Cinca ― Companhia Industrial de Cerâmica, S.A. Cotesi ― Companhia de Têxteis Sintéticos, S.A. Fábrica de Malhas Filobranca, S.A. Fnac ― Fábrica Nacional de Ar Condicionado Fromageries Bel Portugal, S.A. Fundação Luso-Americana Grupo NORS Grupo Salvador Caetano I.P. Holding, SGPS, S.A. Indústrias Têxteis Somelos, S.A. João Vasco Marques Pinto Jorge de Brito Maconde SGPS., S.A. Millennium BCP Nestlé Portugal, S.A. Polimaia, SGPS, S.A. Produtos Sarcol, S.A. RAR. ― Sociedade de Controle (Holding) S.A. Rima, S.A. Riopele, S.A. Rolporto (Soleasing) Santogal, SGPS, S.A. Soc. Com. Tasso de Sousa ― Automóveis, S.A. Sociedade Têxtil A Flor do Campo, S.A. Sogrape Vinhos, S.A. Soja de Portugal, SGPS, S.A. Sonae SGPS, S.A. Super Bock Group, SGPS, S.A. Têxteis Carlos Sousa, S.A. Têxtil Manuel Gonçalves, S.A. União de Bancos Portugueses, S.A. Vera Lilian Cohen Espírito Santo Silva Vicaima ― Indústria de Madeiras e Derivados, S.A. Fundadores por natureza / Honorary Founders Árvore ― Cooperativa de Atividades Artísticas, CRL Associação Comercial do Porto Associação Empresarial de Portugal Câmara Municipal do Porto Fundação Engenheiro António de Almeida Universidade do Minho Universidade do Porto 1994 AdP ― Águas de Portugal, SGPS, S.A. APDL ― Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, S.A. Auchan Retail Portugal, S.A. Cerealis, SGPS, S.A. Cimpor ― Cimentos de Portugal, SGPS, S.A. Crédito Predial Português, S.A. Entreposto ― Gestão e Participações, SGPS, S.A. Europarque ― Centro Económico e Cultural Fidelidade ― Companhia de Seguros, S.A. Filinto Mota, SUCRS, S.A. Francisco José Marques Pinto Generali Seguros, S.A. Jerónimo Martins, SGPS, S.A. JMA Felpos, S.A. Joaquim Moutinho Miguel Pais do Amaral Mota-Engil, SGPS, S.A. Novo Banco, S.A. Parque Expo 98, S.A. Symington Family Estates Vista Alegre Atlantis, S.A.

7 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 1995 Ageas Portugal, Companhia de Seguros, S.A. Banco Finantia, S.A. EDP ― Electricidade de Portugal, S.A. Flatlands ― Sociedade de Gestão e Investimentos Imobiliários, Lda. N. Quintas, SGPS, S.A. 1996 CIN ― Corporação Industrial do Norte, S.A. GALP Energia, SGPS, S.A. (Petrogal) GALP Energia, SGPS, S.A. (Transgás) Mário Soares 1997 Evolution Engenharia, S.A. 1998 Banco BPI, S.A. McKinsey & Company 1999 ACO ― Fábrica de Calçado, S.A. André Jordan Banco Privado Português, S.A. Banif ― Banco Internacional do Funchal, S.A. Bosch Termotecnologia, S.A. Brisa ― Auto-estradas de Portugal, S.A. CTT ― Correios de Portugal, S.A. Efacec Power Solutions, SGPS, S.A. Ericsson Telecomunicações, Lda. Fernando Simão, SGPS, S.A. JBT ― Tecidos, S.A. Maria Cândida e Rui Sousa Morais NOS, SGPS, S.A. Pedro Almeida Freitas Pharol, SGPS, S.A. Ramada Aços, S.A. REN Portgás Distribuição, S.A. Rumape, SGPS, S.A. SIC ― Soc. Independente de Comunicação, S.A. STCP ― Soc. de Transportes Colectivos do Porto, S.A. 2000 Águas do Douro e Paiva, S.A. Bial ― Portela & Cª, S.A. Gamobar ― Sociedade de Representações, S.A. MEO ― Serviços Comunicações e Multimédia, S.A. 2001 Euronext Lisbon ― SGMR, S.A. Metro do Porto, S.A. Montepio Geral The Navigator Company, S.A. 2002 ASA Editores II, S.A. Ascendi Norte ― Auto-estradas do Norte, S.A. Inditex, S.A. (Zara Portugal) Sacyr Somague, S.A. Siemens, S.A. Vodafone Portugal, Comunicações Pessoais, S.A. 2003 Álvaro Siza El Corte Inglés, S.A. João Rendeiro Refrige ― Soc. Industrial de Refrigerantes, S.A. SCC ― Sociedade Central de Cervejas, S.A. Teresa Patrício Gouveia 2004 Martifer ― Construções Metalomecânicas, S.A. Rangel Invest ― Investimentos Logísticos, S.A. REN ― Rede Eléctrica Nacional, S.A. 2005 Grupo Nabeiro ― Delta Cafés, SGPS, S.A. Ibersol, SGPS, S.A. Jorge Sampaio José Berardo Prosegur SAP Portugal Varzim-Sol ― Turismo, Jogo, Animação, S.A. 2006 Adalberto Neiva de Oliveira Câmara Municipal de Matosinhos Companhia de Seguros Allianz Portugal, S.A. JVC ― Holding, SGPS, S.A. Norprint ― Artes Gráficas, S.A. Tabaqueira, S.A. 2007 ANA ― Aeroportos de Portugal, S.A. Área Metropolitana do Porto Associação Nacional das Farmácias Câmara Municipal da Póvoa de Varzim Câmara Municipal de S. João da Madeira Câmara Municipal de Santa Maria da Feira Câmara Municipal de Santo Tirso Câmara Municipal de Vila do Conde Gestifute, S.A. Grupo Media Capital J. Soares Correia, S.A. José Paulo Fernandes Manoel de Oliveira Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados Oblyquo’s, S.A. 2008 Agustina Bessa-Luís Câmara Municipal de Ovar Câmara Municipal de Viseu

8 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 Inter IKEA Centre Portugal, S.A. McCann Erickson, Portugal, Publicidade, Lda. Sovena Group ― SGPS, S.A. 2009 BA GLASS Portugal, S.A. Câmara Municipal de Viana do Castelo CUF, S.A. Maria Antónia Pinto de Azevedo Mascarenhas 2010 Câmara Municipal de Ponta Delgada CPCIS ― C. Port. de Computadores, Informática e Sistemas, S.A. Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, RL, Soc. Advogados Douro Azul, Soc. Marítimo-Turística, S.A. 2011 Câmara Municipal de Barcelos Grupo Simoldes M. Couto Alves, S.A. Robert Frederick Illing Santa Casa Misericórdia do Porto 2012 Porto Editora 2013 Carlos Moreira da Silva e Fernanda Arrepia 2014 AAPICO Maia, S.A. Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis Ferpinta ― Indústrias de Tubos de Aço F.P.T., S.A. Luís Valente de Oliveira Norgarante ― Sociedade de Garantia Mútua, S.A. Paulo Pimenta Polopique ― Comércio, Indústria e Confeções, S.A. 2015 António Gomes de Pinho APCER ― Associação Portuguesa de Certificação Câmara Municipal de Braga Câmara Municipal da Maia CEiiA ― Centro de Engenharia e Desenvolvimento Luís Braga da Cruz 2016 Águas do Porto Aníbal Cavaco Silva AON Portugal ― Corretores de Seguros, S.A. Câmara Municipal de Abrantes Câmara Municipal de Beja Câmara Municipal de Caminha Câmara Municipal de Castelo Branco Câmara Municipal de Chaves Câmara Municipal de Coimbra Câmara Municipal de Faro Câmara Municipal da Guarda Câmara Municipal de Guimarães Câmara Municipal de Torres Vedras Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Câmara Municipal de Vila Real Lameirinho ― Indústria Têxtil, S.A. LIPOR ― Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto PLMJ Advogados, SP, RL PricewaterhouseCoopers &Associados ― SROC, Lda. PROEF, SGPS, S.A. RTP ― Rádio e Televisão de Portugal, S.A. 2017 AMG Services S.A. Artur Santos Silva BCG ― Boston Consulting Group Câmara Municipal de Aveiro Câmara Municipal de Espinho Câmara Municipal de Lisboa Câmara Municipal de Ponte de Lima Crispim & Abreu ERT Têxtil Portugal, S.A. Fundação Manuel Sampaio Couto Golden Wealth Management Grupo EGOR Havas Worldwide Infraestruturas de Portugal S.A. João Rafael Koehler José Maria Ferreira SECURITAS ― Serv. e Tecnologias Segurança, S.A. Sogevinus Fine Wines S.A. SUMOL+COMPAL Marcas, S.A. TAP Air Portugal 2018 ANTARTE Banco de Investimento Global, S.A. Bankinter, S.A. ― Sucursal em Portugal Câmara Municipal de Mirandela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia David Rodrigues Advogados David Rosas, Lda. Fuste, S.A. Galeria Mário Sequeira Grupo ACA Inspauto ― Inspeção de Veículos, Lda. KPMG & Associados –– SROC, S.A. Lucios ― Engenharia e Construção Lusíadas Saúde Prozinco –– Construção e Manutenção, S.A. Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Sociedade Ponto Verde, S.A. Telles Advogados Trade Game S.A.

9 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 2019 Álvaro Pinho da Costa Leite e Maria Augusta da Costa Leite Ana Pinho Macedo Silva e João Nuno Macedo Silva DST, S.A. Ernst & Young Audit & Associados ― SROC, S.A. EUROBIC Fundação "la Caixa" IMOABA ― Sociedade Gestora de Imóveis, Lda. Ingrid Dhanis e Luís Portela Intraplás ― Indústria Transformadora de Plásticos, Lda. Kaizen Institute Portugal Lactogal ― Produtos Alimentares, S.A. Mafalda da Cunha Guedes e Fernando Guedes Margarida e Belmiro Azevedo Maria de Belém Sampaio Maria Fernanda e Américo Amorim Nonsense Assets, S.A. Oitoemponto, S.A. Palácio da Bolsa Prozis.Group, S.A. Regina Leite e João Borges de Oliveira Singularelite Unipessoal, Lda. TEAK Capital, S.A. VMPS ― Águas e Turismo S.A. 2020 António Oliveira AOF – Augusto de Oliveira Ferreira & CA BMcar Carmo Wood Civilria Delloitte EFG Bank FAP - Federação Académica do Porto Grupo 8 – Vigilância e Prevenção Eletrónica, S.A. Inês e José Miguel Pereira de Jesus Isegoria Capital Margaret Morgan e Wesley Phoa Maria Rolanda Miranda e João Miranda Natacha Ferreira de Brito e Paulo Malafaia Nuno Centeno e Maria José Rua Centeno Triva Group Unilabs Conselho de Administração* Ana Pinho - Presidente Manuel Ferreira da Silva - Vice-Presidente Isabel Pires de Lima - Vice-Presidente José Pacheco Pereira - Vice-Presidente Carlos Moreira da Silva António Pires de Lima Manuel Sobrinho Simões Fernando Cunha Guedes Tomás Jervell * Membros por ordem de entrada no Conselho de Administração Comissão Executiva Ana Pinho – Presidente Manuel Ferreira da Silva Isabel Pires de Lima Conselho Fiscal Amílcar Pires Salgado – Presidente Adalberto Neiva de Oliveira PriceWaterhouseCoopers &Associados ― SROC, Lda, representada por José Manuel Bernardo Direções Diretor do Museu – Philippe Vergne Diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira – António Preto Diretora Administrativa-Financeira – Sofia Castro Diretor de Recursos e Projetos Especiais – Rui Costa

APOIOS

11 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 APOIOS INSTITUCIONAIS Câmara Municipal do Porto Cofinanciamento PORTUGAL 2020 Con(s)cienciarte Olhares Inclusivos Janelas para o Mundo Serralves - Hub de cultura digital Serralves RH+ Outros Financiamentos Serralves +Acessível Valorizart e Art @ Park Álvaro Siza: [In]discipline Manoel de Oliveira: Ditos e Escritos STARTS - S2S - Starts towards sustainability

12 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 OS NOSSOS MECENAS Grandes Mecenas* MECENAS EXCLUSIVO DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA MECENAS EXCLUSIVO DE UMA EXPOSIÇÃO ANUAL MECENAS DA GRANDE EXPOSIÇÃO ANUAL NO PARQUE MECENAS DO “SERRALVES EM FESTA!” MECENAS EXCLUSIVO DO TREETOP WALK MECENAS DO PARQUE MECENAS DE UMA EXPOSIÇÃO ANUAL PATROCINADOR DO “HÁ LUZ NO PARQUE” PATROCINADOR DO SERRALVES EM FESTA PARCEIRO DO SERVIÇO EDUCATIVO Outros Mecenas * Mecenas que apoiaram a Fundação de Serralves em 2020

FUNDADORES PATRONO* Águas do Douro e Paiva, S.A. Amorim – Investimentos e Participações, SGPS, S.A. ANA – Aeroportos de Portugal, S.A. APCER – Associação Portuguesa de Certificação APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, S.A. Arsopi – Indústria Metalúrgica Arlindo S. Pinho, S.A. Ascendi Norte – Auto-estradas do Norte, S.A. Associação Comercial do Porto Auchan Retail Portugal, S.A. BA Glass Portugal, S.A. Bial – Portela & Cª, S.A. Brisa – Auto-estradas de Portugal, S.A. Caixa Geral de Depósitos, S.A. Câmara Municipal da Póvoa do Varzim Câmara Municipal de Barcelos Câmara Municipal de Matosinhos Câmara Municipal de Santa Maria da Feira Câmara Municipal de São João da Madeira Câmara Municipal de Viana do Castelo CIN – Corporação Industrial do Norte, S.A. Cotesi – Companhia de Têxteis Sintéticos, S.A. CTT – Correios de Portugal, S.A. Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, RL, Soc. Advogados Douro Azul, Soc. Marítimo-Turística, S.A. Efacec Power Solutions, SGPS, S.A. El Corte Inglés, S.A. Fidelidade Companhia de Seguros, S.A. Fundação Manuel Sampaio Couto GALP Energia, SGPS, S.A. Gamobar – Sociedade de Representações, S.A. Grupo Nabeiro – Delta Cafés, SGPS, S.A. Grupo NORS Grupo Salvador Caetano, S.A. Grupo Simoldes Ibersol, SGPS, S.A. Inditex, S.A. João Vasco Marques Pinto LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto M. Couto Alves, S. A. Metro do Porto, S.A. Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados Mota – Engil, SGPS, S.A. NOS, SGPS, S.A. Novo Banco S.A. Polopique – Comércio, Indústria e Confeções, S.A. Ramada Aços, S.A. Rangel Invest – Investimentos Logísticos, S.A. RAR – Sociedade de Controle (Holding) S.A. REN – Rede Elétrica Nacional, S.A. REN Portgás Distribuição, S.A. Riopele, Têxteis, S.A. Sogrape Vinhos, S.A. Soja de Portugal, SGPS, S.A. Sonae SGPS, S.A. Tabaqueira, S.A. Têxtil Manuel Gonçalves, S.A. Vicaima – Indústria de Madeiras e Derivados, S.A. Vodafone Portugal, Comunicações Pessoais, S.A. * Fundadores que contribuíram para o Fundo Anual da Fundação de Serralves em 2020

14 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 INDICADORES DE DESEMPENHO INSTITUCIONAL

15 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 INDICADORES DE DESEMPENHO INSTITUCIONAL SERRALVES EM NÚMEROS Após vários anos de crescimento contínuo em várias áreas estratégicas da Fundação e de ter, em 2019, alcançado um feito histórico ao ultrapassar a marca de 1 milhão de visitantes, tudo levava a crer que Serralves teria um ano de 2020 igualmente impactante. Mas, logo nos primeiros meses de 2020, a crise sanitária causada pela COVID19 trouxe a todos enormes desafios. Em Portugal, instituições culturais como Serralves fecharam portas por mais de três meses. Após a reabertura em maio, as restrições de circulação e as regras de convivência - que perduram até aos dias de hoje - obrigaram ao cancelamento dos Grandes Eventos – Serralves em Festa, Festa do Outono e Bioblitz - e a que todas as iniciativas fossem adaptadas de forma a garantir a total segurança do público. Mas estes novos desafios não impediram Serralves de apresentar em 2020 uma programação impactante e intensa quer no formato presencial, quer num novo formato digital, ao qual a Fundação de Serralves rapidamente se adaptou com a criação do SOLE - Serralves Online Experience. Assim, apresentamos de seguida os principais números registados por Serralves em 2020, ressalvando a sua excecionalidade dentro do panorama restritivo vivido à escala global, e esperando, já em 2021, retomar a tendência de crescimento registada nos anos anteriores. Nos dois primeiros meses do ano, pré-pandemia e pré-confinamento, Serralves registou um impressionante crescimento de 19% face ao ano anterior! Crescimento de Visitantes janeiro/fevereiro

16 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 Evolução de Visitantes Em 2020, a quebra percentual do número de visitantes a Serralves acompanha a média das principais instituições culturais europeias, situando-se nos 77%, face ao número registado no ano de 2019. Total de visitantes à Fundação A diversidade, consistência e importância cultural da sua atividade mantém-se como elemento bandeira da atuação da Fundação. Como já foi referido, apesar de toda a adversidade, Serralves manteve em 2020 uma programação impactante e abrangente tendo desenvolvido: • 14 exposições em Serralves • + de 70 atividades no Parque • 41 iniciativas de reflexão sobre temas prementes para a sociedade contemporânea • 42 sessões de cinema • 57 atividades de artes performativas, entre música, dança e performance • 19 publicações

17 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 Serralves continua a apostar fortemente na descentralização da cultura. 2020 mostrou-se surpreendentemente produtivo em atividades realizadas por Serralves um pouco por todo o país. Foram realizadas 23 iniciativas em 19 cidades portuguesas. Atividades em Portugal Fruto do grande investimento de Serralves na comunicação digital com os seus públicos, a Fundação registou um enorme crescimento no que aos seguidores das redes sociais diz respeito. No Instagram, por exemplo, Serralves fechou o ano com mais de 118 mil seguidores, o que significa um crescimento de 25% face a 2019. Serralves é neste momento a instituição Cultural Portuguesa com mais seguidores no Instagram. Seguidores no Instagram

18 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 A adesão de novos Fundadores é fundamental para a sustentabilidade de Serralves. Em 2020, ano de enormes desafios, a Fundação atraiu um grande número de novos Fundadores – 17, somando, assim, em apenas 5 anos, um número impressivo de 100 novos Fundadores! A Fundação conta atualmente com 296 Fundadores. Fundadores O apoio continuado dos seus Fundadores é fundamental para que Serralves continue a prestar um serviço público de excelência. Em 2020 Serralves contou com o apoio de 58 Fundadores Patrono. Fundadores Patrono

19 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 SÍNTESE DA ATIVIDADE DE SERRALVES EM 2020

20 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 MUSEU DE SERRALVES

21 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 MUSEU DE SERRALVES O ano de 2020 foi um “tempo de ninguém”, que é para o tempo o que a "terra de ninguém" é para o espaço, uma área intermédia, um lugar indeterminado. A pandemia Covid 19, que paralisou o mundo e todos os nossos gestos e hábitos diários, teve, e continua a ter, um impacto profundo em todos os museus do mundo. Os museus são locais de congregação, locais onde as comunidades encontram um espaço comum e consolo nas artes. Há já um ano, a maior parte dos Museus do mundo tem as portas fechadas, mantendo a arte adormecida e os visitantes famintos de objetos, projetos e ideias que expandam a sua vida.

22 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 No contexto deste encerramento mundial, o Museu de Serralves assumiu uma posição de liderança e, após 2 meses de reclusão, de meados de março a meados de maio de 2020, retomou um programa pró-ativo ambicioso e inovador com exposições, performances e atividades online. Os nomes dos artistas que partilharam os espaços de Serralves em 2020 contam uma história e testemunham a visão do Museu de Serralves: Arthur Jafa, Yoko Ono, Lourdes Castro, Korakrit Arunanondchai, Jorge Queiroz, Rebecca Quaytman, Hugo Canoilas, Louise Bourgeois, Nalini Malani. Esta é uma história de inclusão, de diversidade e de convicção profunda de que, ao desafiar as convenções da arte, das disciplinas estéticas, é possível alcançar novos modos de representação; modos de representação que devem ser relevantes para o tempo em que vivemos e para as questões, para os acontecimentos que definem e articulam esse nosso tempo. Com Yoko Ono e Louise Bourgeois, a história da experimentação em esculturas, música, poesia e performance estabelece a base de um ano de exposições. Para ambas as artistas, o corpo é a medida de tudo. Esculpido para Bourgeois; experimentado, vivido e encenado para Ono. Para estas artistas, como para Lourdes Castro, a apresentação ou representação dos corpos cristaliza e enquadra a nossa relação com o mundo por meio da psicanálise, da política e da poesia. Num momento de pandemia, ambas as exposições sublinham como o espaço entre os indivíduos, a importância de um toque, são parte integrante do ser. O mesmo pode ser dito sobre as obras de Korakrit Arunanondchai e Arthur Jafa e a compreensão de como as imagens em movimento nos unem. Com intimidade, mitos e histórias contadas para Arunanondchai; com o enfrentar do racismo histórico e contemporâneo, da violência e da exclusão com Jafa. Não muito longe de Jafa, Rebecca Quaytman encontra nas imagens existentes e na história o impulso para as suas pinturas; não os dados infinitos de imagens dos média que fluem para o mundo digital, mas imagens específicas extraídas da história da modernidade e imagens testemunho de sua própria comunidade, família e amigos. Essas imagens, por meio de processos de estratificação, rasura, reivindicação, recuperação e palimpsesto, esboçam uma opção do que a pintura, a pintura histórica e os ícones podem ser hoje. É essa mesma relação com a história e os traumas da história que alimentaram os filmes e animações de Nalini Malani, em que a poesia e a literatura chocam com o feminismo, a história colonial e póscolonial indiana e o presente. Essas obras parecem significar que não podemos escapar à complexidade e, às vezes, à brutalidade do nosso mundo. Contudo, contrapõem-se aos mundos e obras de Jorge Queiroz e Hugo Canoilas que criam portais para realidades paralelas. Uma impregnada de imaginação, simbolismo, obsessões e delícias terrenas sob os pincéis de Queiroz; a outra impregnado de uma visão da biologia marinha e das metamorfoses e metáforas da medusa de vidro do artista. Para além da diversidade deste programa expositivo que mostra como os artistas têm historicamente apresentado um sentido de envolvimento com o mundo que os rodeia, o Museu de Serralves tem também demonstrado, conforme descrito na sua missão, o compromisso com as vanguardas internacionais e com a promoção e apoio ao panorama artístico português e aos artistas a viver e trabalhar em Portugal. As aquisições do Museu em 2020 confirmaram esse compromisso ao focarem-se em artistas portugueses. Foram adquiridas importantes de obras de Rui Chafes, Pedro Tudela, Mauro Cerqueira e Carlos Bunga. Se a nossa missão de aquisições é internacional, transdisciplinar e reflete a natureza

23 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 do nosso programa expositivo, este ano, mais do que nunca, foi importante apoiar os artistas em Portugal. Estamos extremamente gratos a todos os artistas e colecionadores que consideram Serralves um local seguro para as suas obras e legado. Graças a eles, à sua generosidade, através de donativos e depósitos, a Coleção de Serralves continua a ser a mais importante coleção de arte contemporânea em Portugal. Mais especificamente, estou extremamente grato aos artistas que fizeram doações ao Museu. A sua generosidade é um testemunho da confiança no Museu de Serralves e é uma das coisas mais gratificantes com que o diretor de um museu poderia sonhar. Se o meio artístico é vulnerável em tempos de crise e numa pandemia, um outro setor criativo está ainda mais exposto: o mundo das artes do espetáculo. A sua razão de ser são as performances ao vivo, a relação direta, o contacto com o público, no espaço real e em tempo real. Em todo o mundo, bailarinos, músicos, cantores, performers de todas as disciplinas viram seu trabalho, o seu sustento brutalmente interrompido pelo encerramento de salas de espetáculo, cancelamento de datas, adiamento de eventos. Festivais, teatros, cinemas, salas de concerto fecharam as suas portas e alguns não abrirão durante muito tempo ou até nunca mais. As performances experimentais, tão necessárias ao desenvolvimento de uma ecologia da arte saudável, foram os primeiros danos colaterais. Dentro dos limites e constrangimentos do confinamento, o Museu de Serralves manteve, ao longo do ano, um ambicioso programa de espetáculos que complementa e reflete o programa expositivo sem o ilustrar e apresenta uma visão estética coesa nos departamentos programáticos do museu. O ano começou com a performance hipnotizante de Nora Chipaumire, que proporcionou um complemento muito belo à exposição de Arthur Jafa, já que as suas estéticas e preocupações são paralelas. A coordenação entre a exposição e as artes cénicas foi implementada na série de performances organizadas em torno da exposição Yoko Ono no Parque e no museu, desde o icónico Cut Piece até à bela homenagem a John Cage, Sky Piece for Jesus Christ, em colaboração com Casa de Música. Os eventos icónicos de Serralves, como Jazz no Parque e o Museu como Performance puderam concretizar-se, reforçando a reputação do museu como líder no campo das artes performativas. O Museu como Performance é um dos programas mais experimentais e respeitado nesta área, e que muitas instituições em todo o mundo adotaram. Neste ano único e cheio de desafios, o Museu de Serralves tem conseguido manter o apoio aos artistas e continuado a cumprir a sua missão em todos os departamentos, desde um programa de publicações dinâmico à ativação da biblioteca e arquivo, com, por exemplo, a apresentação de Orient Express de Álvaro Siza, dedicado ao seu trabalho na Ásia, através da parceria com o arquiteto Carlos Castanheira. O que aprendemos durante este ano de pandemia é a centralidade da arte e da cultura na vida das pessoas. Como é que o mundo teria enfrentado o confinamento sem livros, sem a arte da música que continua a surgir como um valor partilhado através de listas de leitura, listas de reprodução, etc... Também aprendemos a necessidade absoluta da literatura digital para inspirar, informar, educar e entreter enquanto as nossas portas estiveram fechadas. O que aprendemos nesse período não vai desaparecer quando e se voltarmos ao normal. Também aprendemos que os métodos antigos podem já não funcionar: as nossas ferramentas, as nossas competências estão a mudar. O nosso público é muito sofisticado e coloca grandes expectativas sobre os museus e a sua capacidade de conceber, distribuir e disponibilizar conhecimento.

24 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 Com a pandemia, a demografia de nosso público mudou. Com as viagens suspensas, não podemos esperar que nossos visitantes de passagem voltem aos números dos últimos 10 anos. Dessa forma, temos que refletir sobre a quem servimos, como e porquê. A experiência do visitante não pode ser a mesma. Os visitantes encontrarão o caminho de regresso aos museus e temos de fazer com que o seu acesso à arte, aos conteúdos que organizámos, seja o mais seguro, fácil e generoso possível. Este ano, o tempo de ninguém foi/é o museu em modo de pousio. Vamos transformar esta situação numa oportunidade. Vamos usá-la para refletir sobre os valores que defendemos enquanto instituição de arte. Como podem os museus, Serralves e todas as suas instituições irmãs em todo o mundo retribuir às comunidades que lhes deram vida e que viveram profundas privações pessoais, psicológicas e económicas em 2020? Um profundo agradecimento a todas as equipas do Museu e Fundação de Serralves, desde a direção à carpintaria, da contabilidade às bilheteiras, das salas de curadoria à mesa de design. Todos se empenharam para que, apesar das circunstâncias difíceis, Serralves não se tenha tornado Terra de Ninguém e tenha continuado com força, ambição e padrões elevados, a merecer a confiança do público. Serralves continuou ao serviço da sua comunidade e a trazer o mundo para o Porto.

25 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 EXPOSIÇÕES EM SERRALVES ORIENT EXPRESS VIAGEM DE RETORNO/RETURN JOURNEY 30 JAN - 20 DEZ FOYER DO AUDITÓRIO Esta exposição teve como objetivo principal, sublinhar o valor que a Fundação de Serralves atribui à arquitetura enquanto temática basilar na programação da instituição, dando a conhecer parte do depósito dos arquitetos Álvaro Siza e Carlos Castanheira enquanto coautores, de uma parte dos seus projetos no continente asiático. Álvaro Siza (Matosinhos, 1933) tornou-se internacionalmente conhecido no final dos anos 1970/início dos anos 1980, em parte pelo papel que desempenhou no Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), mas também através da proposta apresentada em 1979 à Internationale Bauausstellung Berlin (IBA). É no âmbito da IBA que vê construído o seu primeiro projeto internacional, o Bloco 121, complexo residencial em Schlesisches Tor (1980–88), que posteriormente será conhecido como Bonjour Tristesse. Carlos Castanheira (Lisboa, 1957) faz parte de uma geração de arquitetos portugueses considerados descendentes profissionais de Álvaro Siza. Após ter trabalhado diretamente com Siza durante cerca de catorze anos, a sua colaboração passou a ser esporádica e tem sido mais frequente em anos recentes, particularmente em projetos localizados no continente asiático. Nesta mostra foram selecionados esquissos, desenhos, maquetas, esculturas, fotos e vídeos, dando a conhecer importantes projetos destes arquitetos na Ásia. Especial atenção é dada ao processo de estudo, construção e execução do projeto de arquitetura.

26 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 ELECTRIC A VIRTUAL REALITY EXHIBITION PROJETOS CONTEMPORÂNEOS 25 JAN - 30 AGO GALERIA CONTEMPORÂNEA Comissariada por Daniel Birnbaum e organizada pela Acute Art, Electric apresentou uma seleção de trabalhos de artistas emergentes e consagrados, que exploram este novo meio de ângulos radicalmente diferentes. A Acute Art é uma organização que junta artistas internacionais, novos meios e tecnologias para produzir obras visuais de grande qualidade e promover exposições em instituições artísticas de renome a nível internacional. O objetivo é produzir e apresentar obras de realidade virtual, realidade aumentada e realidade mista que sejam acessíveis, inteligíveis e que possam ser expostas sem ser necessário recorrer a complexas infraestruturas. The Third Glass [O terceiro vidro], um objeto espaço-digital da SAC baseado na obra seminal de Marcel Duchamp The Large Glass [O grande vidro], é a lente ideal através da qual se podem ver estes diferentes trabalhos, uma metáfora perfeita para as novas possibilidades da arte. Electric foi apresentada pela primeira vez em maio de 2019 na Frieze de Nova Iorque como mostra coletiva. Adaptado para Serralves, o projeto integrou obras de Städelschule Architecture Class (SAC), de R. H. Quaytman, Nathalie Djurberg & Hans Berg, Anish Kapoor e ainda uma obra de Olafur Eliasson, artista cuja exposição estava patente no Museu e no Parque de Serralves, e uma obra em Realidade Aumentada de Koo Jeong A, foi apresentada no Parque de Serralves.

27 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 ARTHUR JAFA UMA SÉRIE DE PRESTAÇÕES ABSOLUTAMENTE IMPROVÁVEIS, PORÉM EXTRAORDINÁRIAS (Com Ming Smith, Frida Orupabo e Missylanyus) 20 FEV - 11 OUT MUSEU Reconhecido diretor de fotografia e realizador de cinema, Arthur Jafa apresentou nesta exposição que decorreu nos espaços das Galerias do Museu e na Casa de Cinema Manoel de Oliveira, trabalhos que vem realizando enquanto artista visual nas últimas duas décadas. Em filme, fotografia e escultura, a obra de Jafa revela o papel determinante da raça, do género e da classe social na cultura popular dominante e nos meios de comunicação dentro e fora dos Estados Unidos. De Spike Lee e Stanley Kubrick a Beyoncé e Solange, Arthur Jafa tem colaborado com muitos cineastas, artistas e músicos notáveis. Para esta exposição, Jafa convidou a fotógrafa Ming Smith e a artista visual Frida Orupabo, e nela incorporou materiais de Missylanyus disponibilizados no canal YouTube para criar uma experiência audiovisual que é ao mesmo tempo uma reflexão política e uma perspetiva visionária. Curadoria de Amira Gad e Hans Ulrich Obrist Exposição apresentada em parceria com as Serpentine Galleries

28 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 A VIDA COMO ELA É: LOURDES CASTRO NA COLEÇÃO DE SERRALVES 18 MAI - 18 OUT MUSEU Esta exposição apresentou trabalhos de Lourdes Castro (Funchal, 1930) produzidos desde a década de 1960, em diversos meios – edições, desenho, bordados, plexiglass –, em nome próprio e com outros artistas, que sublinham a importância na sua prática artística das colaborações e da relação entre arte e quotidiano. Na exposição exibiram-se, além da revista KWY (1958–1963) e da obra que realizou com Francisco Tropa para a Bienal de São Paulo de 1998 – exemplos da referida importância do trabalho colaborativo –, trabalhos contextualizados pelo nouveau réalisme – colagens e assemblagens de objectos do quotidiano pintados com tinta de alumínio; cartazes anunciando exposições e teatros de sombras (estreita colaboração com Manuel Zimbro) dominados por aquele que seria, a partir de meados da década de 1960 o seu tema de eleição – a Sombra; obras em plexiglass, bordados em lençóis de sombras deitadas e a série de desenhos Sombras à volta de um centro, realizada em dois períodos, em Paris (1980) e na Madeira 1984/87, e apresentada na exposição da artista em 2003 no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Estes desenhos, na sua simplicidade e na sua evidência – neles vemos as sombras de várias flores e plantas (Camélia, Gerânios, Lilases, Malmequeres, Miosótis, Narcisos, Primaveras, Rosas, Salsa, Túlipas, folhas de palmeira, entre outras) de uma forma tão natural que exclui quaisquer esforços, habilidades –, revelam a vontade, por parte da artista de ver “sempre pela primeira vez e em primeira mão”. Estes desenhos constituem – além de uma espécie de diário íntimo de Lourdes Castro com as plantas e as flores –, um tratado sobre a atenção, sobre estar inteiramente presente no “aqui e agora”. São por isso mesmo testemunhos de uma “eternidade efémera”, e da relação da arte com A vida como ela é. No âmbito desta exposição foi exibido no Auditório de Serralves, o filme “Pelas Sombras”, de Catarina Mourão, com a presença da realizadora.

29 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 YOKO ONO: O JARDIM DA APRENDIZAGEM DA LIBERDADE 30 MAI - 15 NOV MUSEU E PARQUE As obras apresentadas nesta exposição convocam-nos para o universo de Yoko Ono (Tóquio, 1933), artista cujo trabalho provocador incentiva o público a pensar e desafia o seu entendimento da arte e do mundo à sua volta. A performance, o filme, a música, instruções e texto são os seus meios de eleição e expressão, instrumentos que usa para desafiar todas as teorias que permitiriam classificar a sua arte, podendo assim desenvolvê-la em plena liberdade de pensamento. O primeiro impulso para esta exposição foi Penal Colony [Colónia penal] (2001–04), de Yoko Ono e Arata Isozaki, uma cela de prisão construída com gelo, destinada a derreter e desaparecer. A sua dimensão colaborativa, o seu poder simbólico e relação com a arquitetura, tanto no âmbito do trabalho de Ono como numa cidade marcada pelas tradições arquitetónicas proporcionaram o enquadramento para abordar a permanente dedicação da artista à liberdade e a sua capacidade de rejeitar as convenções estéticas, políticas e sociais. Esta exposição — um “jardim de liberdade”, como uma jovem Yoko Ono designou a sua escola —, foi um convite para encontrar a liberdade nos gestos quotidianos e estendeu-se para fora do Museu, pelo Parque de Serralves e pelas ruas do Porto.

30 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 JORGE QUEIROZ NA COLEÇÃO DE SERRALVES: THE STUDIO 24 JUL - 17 JAN 2021 BIBLIOTECA Apresentada no mezanino da Biblioteca de Serralves, esta exposição integrou todos os trabalhos de Jorge Queiroz na Coleção de Serralves. A maioria corresponde a uma aquisição feita na esteira da sua exposição individual no Museu em 2007, que apresentou unicamente desenhos. Mais tarde, o artista ― até então exclusivamente associado a obras sobre papel (apesar de ter trabalhado noutros meios, nomeadamente o vídeo) passaria a produzir e a expor pinturas sobre tela. Em 2014, Serralves integrou na sua Coleção a tela The Studio (2013), obra que dá nome à exposição. Tanto desenhos como pintura são portas de entrada para o mundo fabuloso de Jorge Queiroz, formado por um imaginário misterioso onde personagens e situações ambíguas suscitam uma permanente ambivalência entre o real e o fantástico, num constante desafio à interpretação e à construção de um significado coerente. Além dos trabalhos pertencentes à Coleção de Serralves, a exposição, que beneficiou de uma estreita colaboração com o artista, mostrou um elemento por si concebido que assumiu uma assinalável presença visual: um papel de parede sobre o qual as obras foram instaladas. Os motivos desse papel de parede foram obtidos a partir de imagens de cães que o artista fotografou depois de eles o terem seguido durante um passeio pela praia. Queiroz trabalhou mais tarde essas imagens recorrendo à colagem e ao desenho ― construindo, à semelhança do que faz quando usa o lápis, uma rede de formas.

31 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 HUGO CANOILAS PÓLIPOS CNIDÁRIOS REPARADOS PELO OLHAR DO OBSERVADOR PROJETOS CONTEMPORÂNEOS 09 OUT - 09 MAI 2021 GALERIA CONTEMPORÂNEA Especificamente concebida para a sua Galeria Contemporânea, a primeira exposição de Hugo Canoilas (Lisboa, 1977) no Museu de Serralves confirma e expande algumas das preocupações que melhor definem a prática deste artista: a especulação sobre as relações entre arte e realidade (eventos políticos e sociais), a interrogação sobre as características e limites da pintura, e a ênfase conferida ao trabalho colaborativo. Com formação em pintura, Canoilas tem vindo a examinar o lugar deste meio artístico, a forma como ele é percecionado quer por visitantes de museus quer por transeuntes (o artista é conhecido por intervenções no espaço público que nunca são anunciadas como obras de arte). No caso desta exposição em Serralves, Canoilas prescindiu do lugar onde mais naturalmente esperamos ver pinturas – as paredes da galeria –, e decidiu intervir no chão, no rodapé e no teto da Galeria Contemporânea – espaços negligenciados por quase todas as exposições de pintura.

32 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 R.H. QUAYTMAN O SOL NÃO SE MOVE, CAPÍTULO 35 16 OUT - 30 MAI 2021 MUSEU R. H. Quaytman aborda a pintura como se fosse poesia: ao ler um poema, repara-se em palavras específicas, apercebemo-nos de que cada palavra ganha uma ressonância. As pinturas de Quaytman, organizadas em capítulos estruturados como um livro, têm uma gramática, uma sintaxe e um vocabulário. Enquanto o trabalho é delimitado por uma estrutura rígida a nível material – surgem apenas em painéis chanfrados de contraplacado em oito tamanhos predeterminados resultantes da proporção áurea -, o conteúdo de final aberto cria permutações que resultam num arquivo sem fim. A prática de Quaytman envolve três modos estilísticos distintos: serigrafias baseadas em fotografias, padrões óticos, como moiré e tramas cintilantes, e pequenos trabalhos a óleo pintados á mão. O trabalho de Quaytman, apresentado pela primeira vez em Portugal, aponta para as novas possibilidades da pintura de hoje. O que é uma pintura, um ícone? Quais são os meios da pintura numa cultura saturada pela estimulação visual, da fotografia à floresta digital dos signos? A pintura ainda é uma meio relevante para partilhar a nossa história? A exposição foi coorganizada pelo Muzeum Sztuki in Lódz, Polónia, e pela Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto. Comissariada por Jaroslaw Suchan

33 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 KORAKRIT ARUNANONDCHAI E ALEX GVOJIC: NO HISTORY IN A ROOM FILLED WITH PEOPLE WITH FUNNY NAMES 5 15 NOV - 13 JUN MUSEU Esta foi a primeira exposição em Portugal de Korakrit Arunanondchai (Tailândia, 1986), artista que trabalha meios tão diversos como o vídeo, a performance, a escultura e a instalação e que se divide entre duas culturas: a do oriente, onde nasceu e cresceu e a ocidental, em particular a dos EUA, onde a partir de 2009 estudou artes e onde tem vivido nos últimos anos (alternando com estadas na Tailândia). A sua obra explora e relaciona temas como religião e mitologia orientais, ambiente, ecologia, música, geopolítica e desenvolvimento tecnológico, contrapondo a espiritualidade asiática ao racionalismo ocidental. Arunanondchai reflete sobre a vida contemporânea e a situação da humanidade no tempo da tecnologia, especulando sobre as consequências do Antropoceno, era recentemente definida e que marca o efeito da atividade humana enquanto força ambiental dominante no planeta, capaz de alterar a sua composição geológica. No history in a room filled with people with funny names 5 (2019) é uma instalação feita em parceria com Alex Gvojic (EUA, 1984), artista com quem tem vindo a colaborar, e autor das cenografias e iluminação que conferem ao espaço de exposição um ambiente místico e envolvente. boychild, artista que trabalha nas áreas da performance e da dança e que participa regularmente em obras de Arunanondchai é, neste caso, Naga, serpente da mitologia budista. As coreografias de boychild respondem à música e à banda sonora, que são componentes essenciais nos vídeos que constituem esta obra.

34 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 LOUISE BOURGEOIS: DESLAÇAR UM TORMENTO 04 DEZ - 19 SET 2021 MUSEU E PARQUE A exposição dedicada ao trabalho de Louise Bourgeois (Paris, 1911, Manhattan, Nova Iorque, 2010) ― a maior alguma vez apresentada em Portugal ― cobrindo um arco temporal de sete décadas, dando a ver obras realizadas pela artista entre o final dos anos 1940 e o ano da sua morte. Aos trabalhos expostos nas galerias do Museu ― que integram a Coleção Glenstone, uma das mais representativas da obra de Bourgeois ―, junta-se, no Parterre Central do jardim, a escultura Maman (1999) ― talvez a mais emblemática das suas famosas Aranhas, pertencente à Easton Foundation. Visitada e revisitada em inúmeras e intensas exposições realizadas durantes as últimas décadas em diversos espaços museológicos do mundo inteiro, a vasta e singular obra de Louise Bourgeois é atravessada por temas indelevelmente associados a vivências e acontecimentos traumáticos da sua infância ― a família, a sexualidade, o corpo, a morte e o inconsciente ― que reclamavam uma terapia agora conscientemente realizada através da arte. Organizada pela Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea e o Glenstone Museum, Potomac, Maryland, EUA, em colaboração com a Easton Foundation, Nova Iorque, e coproduzida com o Voorlinden Museum & Gardens, Wassenaar, Países Baixos.

35 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 NALINI MALANI UTOPIA!? 19 DEZ - 29 AGO 2021 MUSEU Esta foi a primeira exposição em Portugal dedicada à conceituada artista indiana Nalini Malani (Carachi, 1946). Amplamente conhecida pelas suas pinturas e desenhos, a mostra em Serralves revelou uma faceta do seu trabalho igualmente relevante, mas com que os públicos estão porventura menos familiarizados, apresentando exclusivamente as suas animações desenvolvidas entre finais dos anos 1960 e a atualidade. Foi no final da década de 1960 que Nalini Malani emergiu como uma voz provocatória e feminista, igualmente pioneira no trabalho com meios artísticos como o cinema experimental, o vídeo e a instalação. Além de dar voz às mulheres, a artista sempre se destacou como uma artista preocupada com questões sociais, conferindo protagonismo aos marginalizados através de histórias visuais (animações, nomeadamente) que exploram temas como o feminismo, a violência, as tensões raciais e os legados pós-colonialistas. As animações reunidas na exposição em Serralves, realizadas entre 1969 e 2020, foram agrupadas sob o signo da Utopia, relacionando-se, por um lado, com o sentimento utópico que se seguiu à independência da Índia e, por outro, com a desilusão em relação àquilo que o país se tornaria, governado por regras ditadas pela ortodoxia religiosa. Comissariada por Filipa Loureiro e Ricardo Nicolau, a exposição em Serralves decorreu na esteira da atribuição à artista de uma das mais prestigiantes distinções no mundo da arte contemporânea: o Prémio Joan Miró 2019, organizado pela Fundació Joan Miró e a Fundação “la Caixa”.

36 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 RONI HORN: SOME THAMES. OBRAS DA COLEÇÃO DE SERRALVES 19 DEZ - 29 AGO 2021 Roni Horn é uma artista norte-americana (Nova Iorque, 1955) que vive entre Nova Iorque e Reykjavik (Islândia). Desde muito jovem desenvolveu um gosto profundo pela literatura e pela filosofia, que antecedeu o seu interesse pelas artes visuais e que a levou a considerar a sua biblioteca um motor estruturante para si e para a sua obra. A prática do desenho é central e fundamental no trabalho de Horn, que também tem vindo a trabalhar noutros meios, como a escultura, a fotografia e a edição de livros de artista. As viagens e a imersão na paisagem – sobretudo a da Islândia - são fundamentais na sua obra, que explora temas como o tempo meteorológico e a ecologia, a par com a memória, a identidade e a mutação. A representação do mundo exterior é usada como artifício ou metáfora para chegar a um espaço interior e mental. Estas oito fotografias do rio Tamisa, que fizeram parte do conjunto de 80 que Serralves apresentou na sua exposição individual em 2001, foram na altura adquiridas para a Coleção. Na série “Some Thames” (2000-2001), Roni Horn capta momentos do fluxo do rio Tamisa, obtendo um conjunto de imagens aparentemente abstratas e muito semelhantes entre si. Mas na verdade são imagens realistas e existem infinitas diferenças entre elas, ainda que impercetíveis a um olhar menos atento.

37 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 MAIS DO QUE UM METRO QUADRADO: OBRAS DA COLECÇÃO DE SERRALVES 31 DEZ - 04 ABR 2021 FOYER DO AUDITÓRIO Na exposição “Mais do que um metro quadrado” foi apresentado um conjunto de fotografias e vídeos da Coleção de Serralves em que se revela vários espaços domésticos e públicos: um cinema, uma biblioteca, um camarim de teatro, um palco ou uma repartição, mas também vestígios de arqueologia recente de uma fábrica inativa ou de um hotel abandonado. Os edifícios e as ruas são mais do que as paredes, os telhados, a pedra e o cimento, são mais do que os materiais que os compõem e a geometria que os desenha. Os espaços destinam-se a diferentes utilizações e são vividos de formas distintas por quem os habita, neles trabalha ou simplesmente por quem por eles passa. Estas vidas, estes vestígios, estas memórias, acrescentam histórias a cada lugar e à paisagem que os circunda. As obras que foram apresentadas nesta exposição constituem diferentes abordagens à forma como o espaço é construído, percecionado e vivido, bem como à forma como as pessoas moldam e marcam os lugares por si habitados. Artistas representados: Pedro Barateiro, Mauro Cerqueira, Filipa César, Gordon Matta-Clark, Jan Dibbets, Daniel Malhão, Bruce Nauman, Luís Palma, Paulo Pascoal, Fernando José Pereira, Gregor Schneider, João Paulo Serafim, Augusto Alves da Silva, Guy Tillim, Rui Toscano

38 Fundação de Serralves – Relatório e Contas 2020 EXPOSIÇÕES EM PORTUGAL No contexto do Programa de Exposições Itinerantes da Coleção de Serralves e de iniciativas fora de portas, foram organizadas 21 exposições e apresentações em 19 cidades portuguesas e 2 iniciativas culturais. O programa de 2020 foi marcado pelo desenvolvimento de propostas inéditas para diversos contextos expositivos, frequentemente realizadas em estreita colaboração com os artistas, e pela organização de exposições associadas à programação do Museu, em torno do trabalho de artistas consagrados como Paula Rego, Lourdes Castro e Pedro Cabrita Reis. Destaca-se ainda o desenvolvimento de uma nova tipologia de brochura e a promoção de novas parcerias, nomeadamente com a Federação Académica do Porto. Apesar das condicionantes deste ano atípico, Serralves mantém a sua aposta na democratização do acesso à arte contemporânea, apresentando a Coleção a públicos diversificados por todo o país. DA COLEÇÃO DE SERRALVES NO PALÁCIO DA BOLSA, PORTO ANA VIEIRA 24 JUL - 30 SET Ana Vieira (Coimbra, 1940 ― Lisboa, 2016) pertence à primeira geração de artistas portugueses que, nos anos 1960, questionou o lugar central dos meios tradicionais ― pintura e escultura ― na produção artística. A obra Sem título (1968), apresentada na Sala do Tribunal do Palácio da Bolsa, integra um conjunto de trabalhos realizados pela artista no início da sua carreira que colocam em evidência a recusa da natureza da pintura e uma poética reflexiva em torno do espaço. Para Ana Vieira, revelar o corpo através da sua ausência, surge como “reação a qualquer forma de opacidade”, diluindo fronteiras entre pintura e escultura, interior e exterior, distância e proximidade. Esta iniciativa resultou de uma parceria da Fundação de Serralves com a Associação Comercial do Porto.

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