049 A Ala Álvaro Siza será ainda palco de três exposições que sucedem à mostra que apresentou – através de uma grande quantidade de maquetas, desenhos e documentação oriundos do seu arquivo depositado em Serralves – a obra do seu autor. Estas mostras reforçam o compromisso de Serralves com a disciplina – nos últimos anos a arquitetura tornou-se um dos eixos fundamentais da nossa programação – e permitem refletir sobre as influências mútuas entre arquitetos e artistas visuais. A obra dos três gabinetes apresentados em 2025, SANAA (que transita de 2024), Aalto e Aires Mateus, além de ilustrar o pensamento arquitetónico sobre a apresentação de arte (os dois conceberam importantes espaços museológicos), expandem aquilo que se entende por arquitetura, nomeadamente através de cruzamentos (e de indefinições disciplinares) entre a arquitetura e as artes visuais. Este espaço receberá ainda uma mostra dedicada à apresentação do mobiliário desenhado pelo arquiteto que lhe dá o nome. Intitular-se-á Álvaro Siza: Desenhar o Quotidiano. Ainda relacionada com coleções, desta vez com a coleção de livros e edições de artista, refira-se agora a exposição que sucederá à apresentação dos protótipos de Francisco Tropa, uma parte da sua exposição monográfica no Museu de Serralves entre novembro de 2024 e maio de 2025: Livros de resistência, coletiva comissariada pelo consultor de Serralves para a aquisição de livros e edições de artista, Christophe Boutin, que tenta responder à perplexidade com que testemunhamos o crescente interesse de jovens artistas por um formato – o livro – vaticinado à extinção, ou pelo menos a uma massiva, progressiva e definitiva substituição pelos ubíquos meios de comunicação digitais. Reconhecido, já o afirmámos, pela sua programação interdisciplinar, o Museu de Serralves continuará em 2025 a promover importantes momentos no contexto das artes performativas: além da 11.ª edição de O Museu como Performance, um fim-de-semana em que o museu é invadido por ações e gestos que questionam o lugar do espectador, e que se impôs nos últimos 10 anos como um programa incontornável do museu, destaco quatro momentos do programa em 2025 – dois deles relacionados com figuras históricas e icónicas das artes do século XX, os outros dois mais contemporâneos: Lucinda Childs e Maria Hassabi, no campo da dança, e Meredith Monk e Tristan Perich, no contexto da música. O programa dedicado a Lucinda Childs, organizado em colaboração com o Teatro Rivoli (Porto), pode ser entendido como uma continuidade de outros momentos em que Serralves se debruçou sobre o trabalho de figuras que influenciaram de forma decisiva a dança contemporânea (como Trisha Brown, ou Elaine Summers), enquanto que o regresso de Hassabi a Serralves representa a vontade de seguir e apresentar o percurso de artistas que Serralves considera particularmente relevantes no contexto da dança atual. Meredith Monk, uma das figuras mais destacadas das artes performativas, regressará a Serralves (instituição que sempre valorizou o caráter pioneiro e influente de um trabalho desenvolvido desde os anos 1960), ao mesmo tempo que se apresentarão concertos de artistas mais jovens mas igualmente influentes, como o músico eletrónico, compositor, artista visual e matemático Tristan Perich. Termino com um convite para uma visita ao Parque e à Casa de Serralves, onde, além de se surpreender com a já referida obra de Maurizio Cattelan, encontrará novas perspetivas sobre a multifacetada obra de Joan Miró, em exposições que fazem dialogar o seu percurso artístico com o trabalho de vultos igualmente relevantes do século XX. Como percebeu, não faltam motivos para uma visita a Serralves, que continua a crescer sem perder de vista aquilo que constitui a sua singularidade e lhe atribui relevância, em Portugal e no estrangeiro, desde o final dos anos 1980; e sem perder de vista, claro está, que nada daquilo que fazemos faria sentido sem o contributo mais importante, que é o seu quando decide visitar-nos e seguir a nossa programação. Que em 2025 voltemos a estar juntos!
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