Panorama No que toca a exposições, 2025 é o ano do terceiro e último momento de Manoel de Oliveira e o Cinema Português, do ciclo de mostras cronologicamente organizado, iniciado em 2023, com A Bem da Nação (primeira parte, correspondente ao período 1930-1970) e que teve a sua segunda etapa em 2024, com Liberdade! (referente ao período 1970-1990). Fechando este projeto de longo curso, que procura sinalizar e dar a conhecer a extraordinária riqueza do Acervo de Manoel de Oliveira, constituído por milhares de documentos fundamentais não só para o estudo da sua obra como de todo o cinema português seu contemporâneo, esta última exposição terá como objetivo contextualizar a longa fase final do percurso do realizador, entre 1990 e 2015, na paisagem da produção cinematográfica portuguesa sua contemporânea. À semelhança dos dois momentos anteriores, a exposição será acompanhada por uma vasta retrospetiva que colocará os filmes realizados por Oliveira entre essas datas em contraponto com o cinema português desse período. A segunda exposição a inaugurar em 2025 será dedicada a Luís Miguel Cintra, figura maior do teatro em Portugal e, como ator, uma das mais regulares presenças no cinema de Manoel de Oliveira. Paralelamente àquela que é a sua faceta mais reconhecida, seja no palco ou no plateau de cinema, ao longo das últimas décadas o ator e encenador tem igualmente vindo a reunir uma vastíssima coleção de peças escultóricas (ou de “bonecos”, como o próprio lhes chama) – obras de arte sacra ou figurado popular, brinquedos antigos e recentes, raridades e estatuetas sem interesse, representações humanas ou animais, de todos os tamanhos, cores e feitios – que povoam um estranho gabinete de curiosidades. Com o encerramento da Cornucópia, em 2016, e com uma atividade teatral reduzida, Luís Miguel Cintra tem convivido de uma forma mais próxima com estas misteriosas figuras, com os quais coabita quotidianamente, partilhando a casa, a vida e um irreprimível desejo de teatro. Com efeito, respondendo a uma lógica que deve mais à dramaturgia do que à decoração, o encenador converteu estes bonecos em atores, que dirige com mão de ferro, em personagens que interagem entre si estabelecendo diálogos inesperados e relações imprevistas entre os muitos textos que estudou, os papéis que interpretou e as novas peças que, deste modo, continua a encenar. Convidando a uma imersão neste universo tão singular, esta exposição pretende cumprir dois objetivos fundamentais. Em primeiro lugar, tratar-se-á de reencenar, no espaço da galeria e em colaboração com Luís Miguel Cintra, uma síntese do seu percurso como ator e encenador. Em segundo plano, pretende-se que este dispositivo permita refletir acerca dos pontos de contacto (e de divergência) entre três modos de ver e de dar a ver: o teatro, o cinema e a exposição. Esta exposição será acompanhada pela edição de um catálogo e um ciclo de cinema com carta branca a Luís Miguel Cintra. 2025 terá, igualmente, uma ampla oferta cinematográfica, com programas dirigidos a diferentes tipos de públicos. Além dos ciclos paralelos às exposições – Jean-Luc Godard, Manoel de Oliveira e o Cinema Português (1990-2015) e
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