193 A exposição "Cinzento 18%" explora a convergência entre arte e ciência, utilizando o conceito fotográfico do cinzento 18% como ponto de partida para investigar ecossistemas, objetos e histórias, reais e especuladas, da fábrica abandonada Sampaio Ferreira & Cia. Lda. e do Parque de Serralves. Este valor de referência, usado para calibrar a exposição correta das imagens, é aqui transposto como metáfora para analisar o estado dos materiais e a dinâmica dos ecossistemas em transformação. Através de exercícios de arqueologia ficcional, pretendese acompanhar o fluxo vivo desta ruína fabril e das metamorfoses existentes entre os materiais abandonados pelo homem, a vegetação ruderal e os fungos, enquanto exemplos de resistência, liberdade e diversidade. Construída em 1896 em Riba D`ave, pelo empresário Narciso Ferreira, a fábrica Sampaio Ferreira & Cia. Lda. tornou-se a Cinzento 18% NOV 2025 – MAI 2026 Lagar e Celeiro do Parque maior e mais completa empresa têxtil algodoeira do país, contendo fiação, tecelagem e tinturaria. Em 1955, o filho de Narciso Ferreira, Delfim Ferreira, compra a Casa de Serralves e toda a propriedade. Tirando partido desta ligação histórica, propõe-se criar, com esta exposição, uma nova ligação entre a ruína da fábrica Sampaio Ferreira e o Parque de Serralves, agora espectral, uma ‘assombração’ que entrelace, contamine e espie mutuamente os dois espaços. A exposição "Cinzento 18%" resulta de uma colaboração criativa entre o coletivo artístico e pedagógico A Recoletora (Alexandre Delmar e Maria João Ruivo) e a curadora Inês Montalvão. A exposição pretende fazer circular peças e públicos entre o Porto e Vila Nova de Famalicão, e será acompanhada por uma publicação que documenta o processo criativo e as múltiplas camadas de interpretação envolvidas.
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